São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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Dinheiro em circulação supera o do Cruzado

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O crescimento da quantidade de dinheiro em circulação na economia dos primeiros três meses do Plano Real superou a de igual período do Plano Cruzado, em 1986.
Nos dois planos, a queda brusca da inflação fez com que as pessoas passassem a andar com mais dinheiro, deixando de colocar o salário em aplicações.
No Cruzado, o dinheiro em circulação na economia saltou de US$ 3,767 bilhões para US$ 7,247 bilhões nos primeiros três meses do plano, um crescimento de 92% de março a junho.
No Plano Real, o volume de dinheiro na economia foi de R$ 3,538 bilhões, no início de julho, para R$ 11,233 bilhões em setembro. A variação foi de 218%.
Quando foi lançado o Plano Real, o governo fixou limites para a emissão de reais. No primeiro trimestre, o limite de R$ 7,5 bilhões na média do período teve de ser elevado para R$ 9 bilhões. A emissão chegou a R$ 8,9 bilhões.
Para cumprir o limite, a equipe econômica elevou os juros e procurou evitar ganhos reais para os salários. No Plano Cruzado, os salários ganharam abono de 8% e os juros ficaram abaixo da inflação.
No Real, o governo estabeleceu um recolhimento compulsório ao BC de 100% do dinheiro existente nas contas-correntes, para restringir os empréstimos dos bancos e elevar os juros. No Cruzado, o recolhimento era de 48%.
O aumento do recolhimento compulsório é a principal explicação do BC para o crescimento da emissão acima do Plano Cruzado.
As reservas bancárias, dinheiro recolhido compulsoriamente ao BC e que contam para as metas de emissão, cresceram 414,5% de julho a setembro.
Mesmo excluindo as reservas, o crescimento do volume de dinheiro, em cédulas e moedas, superou o do Cruzado: foi de 136,7%.

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