São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Expansão dos EUA mantém seu ritmo

OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O fôlego da economia dos Estados Unidos supera as expectativas mais otimistas. A desaceleração que se esperava para o terceiro trimestre acabou sendo menos intensa do que se esperava.
Os analistas acreditavam que o comportamento da economia entre julho e setembro marcaria o início de uma nova fase de crescimento, mais moderada.
Os dados preliminares divulgados pelo governo americano anteontem, no entanto, não permitem essa leitura. Embora num ritmo menos intenso do que no período anterior, a economia continua em franca expansão.
O PIB (Produto Interno Bruto, tudo o que o país produz em um ano) avançou a uma taxa anualizada de 3,4% no terceiro trimestre.
É menos do que os 4,1% do segundo trimestre, mas bem mais do que a média de 2,3% projetada pela Associação Nacional dos Economistas do Setor Privado.
Antes da divulgação do dado oficial preliminar, os analistas vinham aos poucos alterando suas projeções, tornando-as mais compatíveis com os claros sinais de aquecimento da economia.
No final de setembro, a média das previsões de crescimento do PIB ficava entre 2,0% e 2,5%. Em meados de outubro, passou para a faixa de 2,5% a 3,0%, segundo o ``The Wall Street Journal".
A maioria das projeções, portanto, acabou ficando muito aquém do resultado.
Um dos motivos pelo qual a expansão não arrefeceu tanto quanto se pensava foi o desempenho da construção civil, um setor-chave pelo efeito multiplicador que tem sobre outros setores da economia.
Em setembro foram iniciadas 4,4% mais construções do que no mês anterior. A taxa anualizada foi de 1,5 milhão de unidades.
Diante do vigor da expansão, cresce a convicção de que o único freio possível é a maior restrição monetária. Ou seja, um novo aumento nos juros, que manteria tendência iniciada em fevereiro.
O objetivo é evitar a pressão inflacionária decorrente do aquecimento da economia acima de um nível desejável. A inflação está em menos de 3% ao ano, mas a autoridade monetária prefere pecar por excesso de zelo.
O FED, como é conhecido o banco central dos EUA, monitora de perto os principais indicadores.
No mês de setembro, na última reunião do comitê que decide os rumos da política monetária, os juros foram mantidos. Mas talvez não por muito tempo.
Na mesma reunião, o presidente do banco central, Alan Greenspan, foi autorizado a mexer nos juros antes da próxima reunião do comitê, em 15 de novembro, se assim julgasse necessário.
Depois da divulgação do PIB no terceiro trimestre, é quase certo que os juros subam novamente. Seria a sexta vez no ano.
É possível que, agora, o salto seja superior ao meio ponto percentual considerado mais provável até a semana passada.
Mesmo assim, economistas do setor privado prevêem expansão de 4% no próximo ano.
Sem se mostrar preocupado com os reflexos inflacionários do crescimento, o presidente Clinton saudou o desempenho da economia.
``A expansão sustentada está criando mais empregos, e mais bem remunerados, do que nos últimos cinco anos juntos", disse.

Texto Anterior: Soweto desafia o apartheid
Próximo Texto: Imigrantes `invadem' nova África do Sul
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.