São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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O herborista que revisa a tradição

CLAUDIA GONÇALVES

Jeng Cheng Chau, 57, veio ao Brasil para ``sonhar e ficar milionário aqui". Engenheiro e herborista (especialista em ervas medicinais), ele nasceu em Taiwan (ex-Formosa) e deixou seu país em 1957, ano em que o ``timoneiro" Mao Tsé-Tung (1893-1976) abriu a temporada de caça a 550 mil intelectuais.
Quando pequeno, mestre Jeng –como ele se auto-intitula– não era chegado numa erva. ``Com oito anos, meu avô me obrigava a decorar nomes de várias plantas. Se eu acertasse, ganhava uma balinha", conta, todo sorrisos.
Cuidadoso na hora de conjugar o verbo curar, Chau explica: ``Não curo a doença, mas o doente. Dou o chá e o corpo vai fazer o resto". Entre os casos que ele afirma ter solucionado estão enxaquecas, bronquites e dores na coluna.
Desde que inaugurou a loja Mestre Jeng, em 1979, ele já arrebanhou quatro mil clientes. Seu sucesso talvez se deva ao tratamento personalizado que oferece. ``Sou como alfaiate, faço uma combinação de ervas para cada caso", explica.
Contrariando a tradição –que prescreve a transmissão dos conhecimentos herbóreos apenas para a ala masculina da família– Chau atualmente está ensinando todos os segredos dos milenares herboristas chineses para sua filha de 26 anos, Julia Jeng.
Ortodoxia não é mesmo com ele: por obra de um padre brasileiro, o mestre abandonou o budismo e adotou o catolicismo. Hoje, rege um coral de católicos da terceira idade.
Ficou rico? Não diz. Mas vive exclusivamente de erva.

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