São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994
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Tratamento sem remédio combate a hipertensão

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um tratamento sem nenhum remédio pode resolver boa parte dos casos de hipertensão arterial –doença comum que atinge entre 15% e 20% da população.
O método interfere no estilo de vida das pessoas procurando eliminar os fatores que elevam a pressão e dificultam o seu controle.
Perder peso, reduzir o consumo de sal, fazer exercícios físicos, diminuir o consumo de álcool, parar de fumar e combater o estresse são as recomendações do tratamento.
Décio Mion Júnior, chefe da Liga de Hipertensão do Hospital das Clínicas da USP, explica que os hipertensos podem passar décadas sem qualquer sintoma.
Com o tempo, os níveis elevados de pressão vão causando lesões nas paredes das artérias.
Por isso, o hipertenso fica mais suscetível a sofrer derrames, infartos e insuficiência renal.
Um estudo recente realizado em vários centros nos Estados Unidos (TOHMS 94) testou a eficácia do tratamento durante dois anos.
O resultado obtido revelou uma redução efetiva da pressão arterial e das suas complicações.
As medidas básicas são mais eficientes nos casos leves e moderados de hipertensão.
Segundo Mion Júnior, a tendência atual é tentar o tratamento sem remédios por seis meses. Se não houver resultados, o médico prescreve remédios antihipertensivos.
A maior parte dos hipertensos ainda desconhece os benefícios do tratamento sem a medicação.
Uma consulta realizada na Liga de Hipertensão entre 350 hipertensos revelou que 55% preferem os medicamentos como primeira opção de tratamento e 45% elegem o tratamento sem remédios.
Mesmo nos casos graves –que só são controlados às custas de medicação– as medidas básicas têm vantagens. Elas podem reduzir a dose de remédio necessária.
Claudio Alberto de Moraes, 42, microempresário de São Paulo, descobriu que era hipertenso há quatro anos. Sua avó e seu pai também tinham pressão alta.
Apesar de ter usado vários medicamentos, Moraes não conseguia normalizar sua pressão.
No começo desse ano, ele começou a tomar três tipos de remédios ao mesmo tempo. Foi informado que uma mudança no estilo de vida poderia facilitar o controle.
Moraes perdeu seis quilos, parou de fumar, reduziu a quantidade de bebidas alcoólicas, passou a jogar tênis três vezes por semana e diminuiu o consumo de sal.
Hoje, ele mantém a pressão sob controle e precisa tomar apenas um quarto da dose de remédio usada no início do tratamento.
``Se for possível, quero ficar sem nenhuma medicação", diz.
Um novo livro que chega às livrarias na próxima semana procura explicar os passos necessários para o controle ``caseiro" da pressão.
Abaixo a pressão!, de Décio Mion Júnior –Tec Art Editora. Preço R$ 15,00. Informações pelo tel. (011) 280-9900.

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