São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994
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Governo reformula as linhas de crédito

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

A semana encurtada pelo feriado do dia 2 (Finados) começa hoje com concentração de fatos importantes para o mercado financeiro. Haverá a criação, pelo BNDES, de linha de crédito de longo prazo para as empresas e o leilão de títulos públicos (NTNs indexadas ao câmbio e à TR).
O presidente Itamar Franco deve lançar hoje a linha do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o financiamento à produção.
A TR (Taxa Referencial) deverá ser um indicador confiável para operações de longo prazo e totalmente desvinculada da inflação.
Hoje o governo realiza também leilão de NTNs (Notas do Tesouro Nacional) de 212 e 273 dias (indexadas à TR) e 182 dias (cambiais). Os papéis são mais procurados por investidores institucionais (fundos).
O governo está realizando ajustes no Plano Real procurando maior equilíbrio.
Segundo avaliação dos técnicos da Anecc (Associação Nacional de Empresas Credenciadas em Câmbio), as alterações efetuadas no último dia 19 –mudança nas regras de antecipação de contratos de câmbio e elevação na tributação sobre o ingresso de capitais estrangeiros– conseguiram evitar grandes oscilações no câmbio.
Até então, tornavam-se cada vez mais imprescindíveis as intervenções sistemáticas do Banco Central no mercado cambial, que não estão acontecendo desde o último dia 20.
A análise da balança comercial mostra mudança significativa no fluxo de capitais tanto nas operações comerciais quanto nas financeiras.
Até o dia 19 a média diária de contratações de câmbio de exportação era de US$ 218 milhões, patamar equivalente ao que precedeu à implantação do Plano Real, quando se efetuaram pesadas antecipações de câmbio. A partir do dia 20 a média caiu para US$ 171,43 milhões.
As contratações de importação demonstraram ligeira elevação, com a média diária passando de US$ 119,04 para US$ 127,07 milhões.
O saldo cambial –que antes das medidas apontava para o total de US$ 1,898 bilhão– está estimado em US$ 842,65 milhões. Se for confirmado, será menor que os de agosto e setembro, em torno de US$ 1 bilhão, segundo a Anecc.
O Banco Central consegue, assim, o seu objetivo de diminuir o ritmo de crescimento das reservas, ao mesmo tempo em que busca maior competitividade da economia nacional através de aumento nas importações.
A entrada financeira de dólares no país também sofreu redução. A média diária de US$ 268,478 milhões até o dia 19 caiu para US$ 241,63 milhões em consequência da elevação da tributação do capital estrangeiro.
Houve, no entanto, redução mais do que proporcional das saídas de moeda estrangeira (dólar) de origem financeira, apontando para um saldo cambial ainda maior em outubro. Se antes a previsão era de saldo de US$ 87,97 milhões, hoje a expectativa é de montante da ordem de US$ 135 milhões.
O resultado cambial total (contabilizadas as contas financeiras e comerciais) deve ser de US$ 977 milhões em outubro, bastante elevado se comparado com o dos meses anteriores (julho, US$ 337 milhões; agosto, US$ 338 milhões, e, setembro, déficit de US$ 155 milhões), mas reduzido de maneira significativa se comparado à perspectiva de saldo de US$ 1,986 bilhão, caso se mantivesse o cenário que antecedeu à adoção das novas medidas cambiais.
Segundo a Anecc, a perspectiva é de que o Banco Central continuará com o ``monitoramento" do câmbio, tentando manter, a curto prazo, a cotação média do dólar comercial em torno de R$ 0,85.
Em relação às Bolsas de Valores, Raymundo Magliano Neto, gerente da corretora Magliano, diz que a queda de 21% no indicador da Bolsa paulista nos primeiros 24 dias de outubro fez com que os preços das ações chegassem ao ponto de compra em termos de análise gráfica.
A reação foi ajudada por declarações das autoridades governamentais que acenaram com perspectivas otimistas em termos do programa de privatização. A alta acumulada na semana passada foi de 8,01%.
A recuperação dos preços das ações foi insuficiente para eliminar o prejuízo acumulado no índice da Bovespa em outubro (-10,15% no mês até a última sexta-feira).

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