São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994
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REBELIÃO NO SURF

SANDRO GUIDALLI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O mar está bravo na praia dos surfistas profissionais. É que muitos atletas estão cansados de cumprir dez etapas pelo mundo todo correndo o risco de ter que manobrar sobre ondas de 20 centímetros –consideradas ridículas pelos profissionais.
A oitava etapa do World Championship Tour (WCT), realizada no Rio no penúltimo fim-de-semana, foi marcada pelo mau-humor no primeiro time de surfistas com ondas pequenas e com a impossibilidade de realizar manobras mais radicais.
Ondas mesmo surgiram só no domingo, último dia da competição. O mar resolveu colaborar com ondas de seis pés (cerca de 1,5 m), o que suavizou um pouco a tensão entre surfistas, patrocinadores e organizadores.
``Não é preciso ter ondas gigantes para manobrar, mas desse jeito também não dá", avaliou Padaratz, com os olhos fixos no mar quase liso da praia da Barra da Tijuca (zona sul do Rio), local do torneio.
Havaí x Austrália
Mas a polêmica que envolve as ondas do Rio não é a única a movimentar o ``circo" do campeonato mundial de surfe. Este ano, a decisão dos patrocinadores de finalizar o circuito na Austrália e não no Havaí (como ocorre tradicionalmente) irritou alguns dos melhores do mundo, como o virtual campeão mundial Kelly Slater, 22.
Na entrevista coletiva que concedeu na Barra, Slater deixou bem claro que não gostou nada da troca imposta pela Coca-Cola australiana, que exigiu a final na terra dos cangurus.
O norte-americano deu uma de porta-voz dos Top 16 (o grupo dos melhores do ranking) para, faltando duas etapas para o fim do WCT, pôr lenha na fogueira dos patrocinadores.
Slater, que tem o autraliano Shane Powell (vencedor da etapa do Rio) se aproximando dele na contagem dos pontos, deixou o Rio com uma preocupação a mais: a de vencer Powell na terra dele na última –e talvez decisiva– etapa do campeonato. Antes, eles ainda disputam uma etapa no país de Slater, no Havaí (um dos Estados do EUA, que no surfe mantém equipes ``independentes").
Para vencer a etapa carioca, Powell derrotou outro norte-americano, Rob Machado, na bateria final. Com os resultados obtidos no Brasil, Powell terá que vencer as próximas duas etapas e esperar um tropeço de Slater. O embate entre os dois promete esquentar as areias da Oceania, para onde os melhores do mundo migram nos próximos meses.

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