São Paulo, quarta-feira, 2 de novembro de 1994
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Computador faz cheques e paga as contas

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Todo americano que visita o Brasil para fazer mais do que turismo fica impressionado com o tempo que as pessoas gastam com transações bancárias. É fila para investir, fila para transferir dinheiro, fila para pagar contas. Os caixas automáticos deram uma acelerada no processo, mas o brasileiro ainda perde muito tempo mexendo com seu dinheiro.
Ir pessoalmente ao banco, nos Estados Unidos, deixou de ser uma tarefa do dia-a-dia. Primeiro, por causa da gigantesca rede de caixas automáticos. Depois, porque os americanos sempre pagaram suas contas com cheques, por correio. E, finalmente, porque os americanos usam cada vez mais os meios eletrônicos para lidar com suas transações bancárias.
Segundo um levantamento da Jupiter Communications, uma empresa que acompanha a evolução do setor, até 1998 20% de todas as transações bancárias nos Estados Unidos serão feitas através dos teclados do telefone ou pelo computador.
Por enquanto, essa indústria ainda está no berço. Dos 30 milhões de domicílios com computador no país, só 300 mil usam consistentemente os serviços bancários informatizados.
Mas de todos os serviços on line, o chamado "remote banking" (banco remoto) é o que tem maior potencial de crescimento, por causa da conveniência de checar o saldo, saber quais os cheques que "caíram", transferir dinheiro entre contas e fazer pagamentos sem tirar os pés de casa.
Nesse setor, o Prodigy saiu na frente de seus concorrentes. É um serviço on line com mais de um milhão de assinantes em todo o país. Hoje em dia, clientes de 14 bancos já podem usar o Prodigy para obter em casa informações sobre suas contas.
O Prodigy também oferece um sistema conhecido como BillPay USA, com o qual é possível pagar contas em qualquer parte do país usando a tela do computador. Na primeira vez que você usa o serviço, deixa nome, endereço e, se for o caso, o número da conta bancária de seus credores –da empresa de cartão de crédito ao locatário do apartamento onde mora.
Uma vez feito isso, todo mês preenche cheques eletrônicos definindo quem tem quanto a receber. A BillPay faz todo o restante do serviço, transferindo dinheiro ou mandando cheques em seu nome para os credores. Se você optar por isso, os valores são descontados diretamente de sua conta bancária. A assinatura da BillPay custa U$ 9,95 por mês para as 20 primeiras contas pagas e U$ 3,35 para as dez seguintes.
A maior justificativa para o crescimento desse tipo de serviço é, obviamente, a economia de tempo. Na média, o americano ou americana chefe de família gasta quase um dia útil por mês lidando com suas finanças, incluindo aí passagens pelo banco, caixas automáticos, consultas por telefone e pagamento de contas.
A tarefa de preencher cheques, controlar o saldo no talão, preencher e selar envelopes e levar até as caixas de Correio já faz parte do imaginário popular como um dos maiores desperdícios de tempo.
Um analista que se deu ao trabalho de cronometrar diz que usando um sistema de pagamentos via computador reduziu o tempo gasto de três horas para dez minutos mensais.
Por isso o filão dos cheques eletrônicos será o mais disputado. O cartão de crédito Visa comprou recentemente uma empresa do setor, a US Order, enquanto a Microsoft pagou U$ 1,5 bilhão para engolir um fabricante de programas cujo principal produto pode ser usado em "remote banking".
Essa briga tem espaço para muita gente. Todo os dias, o consumidor norte-americano faz 400 milhões de transações envolvendo a transferência de dinheiro.

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