São Paulo, sábado, 5 de novembro de 1994
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Academia vira banheiro de paulistanos

DA REPORTAGEM LOCAL

Para driblar a falta de água que desde anteontem atinge 3,3 milhões de pessoas, alguns paulistanos resolveram tomar banho em clubes e academias de ginástica.
"Estamos sem água em casa desde ontem (anteontem) de manhã. Como não dá para ficar suja, vim tomar banho na academia. Minha mãe e minhas duas irmãs fizeram o mesmo", disse a estudante de publicidade Gisene Perez, 22.
O fornecimento de água na casa de Gisene, que fica no Morumbi (zona sul), foi cortado das 4h de quinta-feira até as 14h de ontem.
"Os pratos e panelas estão sendo lavados com a água da piscina. Já para escovar os dentes e cozinhar usamos a água que estava estocada nos baldes", afirmou.
Para não ficar sem água em casa, o artista plástico André Cantu, 33, morador da Aclimação (zona sul), teve que levar toda a família para tomar banho no clube.
"Temos três caixas-d'água que garantem a água para cozinhar e lavar os pratos. Mas o banho tem que ser no clube", diz.
Cantu encontrou uma maneira original de economizar água. "Nos dias de rodízio, encho a piscina de plástico das minhas filhas de água, dou banho nelas e uso o que sobra para regar as begônias e bromélias que tenho em casa."
Como o artista plástico, as estudantes Bruna Maltez Tavares, 12, e Raquel Furtado Rodrigues, 16, têm que ir o Clube Aquático da Aclimação para tomar banho.
"Lá em casa só tem água na pia do banheiro, que virou lugar de lavar a louça. Banho agora, só no clube", diz Bruna.
Rodízio
Hoje, entram no rodízio mais 68 bairros das zonas sul, oeste e região central que são abastecidos pela represa Guarapiranga (veja quadro ao lado).
Segundo a Sabesp, o racionamento na zona sul vai pelo menos até dezembro. Para o rodízio ser suspenso, é preciso que chova 380 milímetros. A média de chuvas em novembro é de 130 milímetros.
Ontem, a represa Guarapiranga estava com 30,5% de seu volume normal. O nível mínimo para que o abastecimento seja normalizado é de 40,3%.
A partir do dia 10, o racionamento será implantado também nos bairros da zona leste e Grande São Paulo, que são abastecidos pelo sistema do Alto Tietê.
Cerca de 1,6 milhão de moradores da região ficarão sem água.

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