São Paulo, sábado, 5 de novembro de 1994
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Santos de hoje

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

No dia 1º de novembro são comemorados todos os santos. Nas comunidades católicas celebra-se esta festa de família no próximo domingo.
Santo é Jesus Cristo, filho de Deus vivo. Santa é Maria, a mãe de Deus, modelo de pureza, coragem na fé e confiança em Deus. Surgem na memória tantos homens e mulheres que procuraram, através da história, imitar de modo exímio Jesus Cristo, no amor total a Deus e dedicação ao próximo. Auxiliados pela graça divina, corrigindo falhas e superando dificuldades e tentações, entregaram-se sempre mais a Deus e ao serviço dos necessitados. Pela palavra e testemunho, pregaram a conversão dos pecadores, o perdão das ofensas, o desapego dos bens terrenos e a partilha com os pobres. Devotaram-se aos doentes, anciãos, crianças e a caridade para com todos.
A quem não encanta o amor generoso do apóstolo Pedro, o zelo missionário de São Paulo? A quantos atrai para a santidade Francisco de Assis, cantor de Deus e das belezas criadas? Em todas as épocas, homens e mulheres responderam, com ardor, ao apelo de Deus. São muitos os que a autoridade da Igreja, após o exame de suas virtudes e até o martírio pela fé, apresenta como exemplo para o povo cristão, declarando-os na glória de Deus, intercedendo em nosso favor. São os santos canonizados que recebem especial veneração.
Perto de nós, no entanto, apesar do mal que penetra nas consciências e nos ambientes, existem fiéis e pastores que, com despretensão, mostram a ação de Deus em nossos dias. São os santos de hoje que continuam revelando a força da graça divina, que transforma os corações e os santifica.
Muitos passam até despercebidos. Além dos que rezam por nós nos mosteiros contemplativos ou partem para longe, anunciando Jesus Cristo, sem medir sacrifícios, há, no meio do povo, gente santa que leva uma vida exemplar. São mães e pais de família, abnegados e pacientes, sacerdotes dedicados ao povo, jovens que não se deixam aliciar pelo mal, pessoas enfermas que enfrentam, sem queixas, ano após ano, incômodos e dores e oferecem a própria vida para a conversão dos que erram e para que no mundo haja amor, justiça e esperança. Entre tantos, penso em irmã Carmela que, durante 30 anos, trabalhava em Roma, no hospital psiquiátrico, com doentes mentais. Tranquila. Incansável. Procuremos perceber quantas outras vidas, ainda hoje, como a de irmã Dulce, em Salvador, são inteiramente dedicadas a Deus e ao próximo. Os últimos papas têm dado exemplo de santidade de vida. Celebramos no dia 4 de novembro a festa de São Carlos, zeloso arcebispo de Milão (1538-1584) e padroeiro de Karol Woytyla. Na conclusão do sínodo em Roma, há uma semana, o cardeal d. Aloísio, arcebispo de Fortaleza, foi escolhido, em nome dos 350 participantes, para saudar João Paulo 2º. Falou com afeto, agradecendo a Deus a bondade, a paciência e a solicitude por todos, que caracterizam o atual papa.
Durante o mês de outubro, tivemos a oportunidade da presença atuante de João Paulo 2º em todos os atos do sínodo. Graças a Deus, a saúde está plenamente recuperada e continuará exercendo seu ministério, para nossa alegria e bem da humanidade, como ardente defensor da vida, da família e da paz entre os povos. Lembremo-nos de que o melhor modo de celebrarmos os santos que já estão na glória do céu será imitá-los, na terra, como os santos de hoje.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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