São Paulo, sábado, 5 de novembro de 1994
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Votou no que viu...; Aposentadoria eleitoral; Apocalipse mineiro; Exército no Rio; Sem escrúpulos o tempo todo; Ombudsman; Novas e velhas amizades; Salários; Sabotagem

Votou no que viu...
"Mais uma vez o brasileiro votou no que viu e ganhou o que não viu. Em campanha, o candidato vencedor espalmou a mão para representar no primeiro dedo a prioridade à saúde. Eleito, diz na Folha (29/10, pág. 1-5) que é contra a gratuidade da saúde, uma das conquistas sociais da Constituição de 1988. Mas seus argumentos são desinformados. A noção de que 'muitos que podem não pagam nada' pode ser verdadeira no que se refere a nossos sonegadores milionários, mas está muito longe da realidade dos usuários do serviço público de saúde. É por estas e outras que a social-democracia brasileira é muito mais brasileira que social e democrática."
José Augusto Vasconcellos Neto (Campinas, SP)

Aposentadoria eleitoral
"Como é bom ter mais de 70 anos num segundo turno de eleição em que participam dois santarrões/canastrões como Covas e Rossi, putz! Algum parlamentar mais velho pouquinha coisa resolveu que os com mais de 70 anos fazem jus à aposentadoria eleitoral. Que Deus lhe pague."
Carlito Maia (São Paulo, SP)

Apocalipse mineiro
"A relação publicada pela Folha contendo os nomes de todos os deputados federais eleitos por Minas Gerais pode parecer uma relação normal, mas se o leitor se aprofundar na pesquisa dos nomes verá que não poderia ser pior. Na lista, deparamos com nomes como Abi-Ackel, Murilo Badaró, Francelino Pereira e Newton Cardoso que, pasmem, foi o deputado federal mais votado em Minas. Parece que o mineiro se esqueceu que estes 'metralhas' são em grande parte os responsáveis pelo sucateamento das 'Gerais'. Mas o pior ainda está por vir. Ainda corremos o risco de ter como governador o senhor Hélio Costa que, se eleito, irá acabar com o que nos resta de Minas Gerais."
Francisco Ferreira Guerrero Netto (Campestre, MG)

Exército no Rio
"Após a intervenção do Exército no Rio para combater a violência e o tráfico de drogas, quem virá? O exército americano?"
Pereira S.C. (São Paulo, SP)

"Mais que um erro, é ingenuidade imaginar que a intervenção dos militares no Rio terá caráter apenas técnico. Temo que a democracia possa vir a pagar com juros esse momento de fraqueza dos democratas na defesa dos direitos do cidadão. Aqueles que desejam a intervenção não manifestam o mesmo vigor para exigir maior fiscalização nas fronteiras. O Rio não produz droga e nem fabrica armas."
Luiz Fonseca (Porto Alegre, RS)

"Droga é como Aids: informação é a vacina, prevenção é a cura."
Neil Ferreira (São Paulo, SP)

"Vivemos em um Estado marcado pelo abominável tráfico internacional por estarmos na fronteira com a Bolívia, uma das inúmeras portas de entrada da droga no país e, por isso, defendemos sim a repressão ao narcotráfico, seja em que sentido for. Gilberto Dimenstein que nos desculpe, mas o país não está preocupado com a inflação da cocaína, mas em nos livrarmos dela."
Adércio Dias Sobrinho (Porto Velho, RO)

"Parabenizo o jornalista Gilberto Dimenstein que tão objetivamente vê a questão da violência como um problema social em fase aguda. No artigo de 29/10, intitulado 'A empulhação da violência', ao dizer que 'é preciso ser tapado para não ver que a melhor segurança é evitar que o cidadão se torne bandido –e, aí, o primeiro passo é investir em educação e saúde', ele chegou ao 'x' da questão."
Ilza Araujo (Rio de Janeiro, RJ)

Sem escrúpulos o tempo todo
"Considero um insulto às pessoas honestas deste país a nomeação do sr. Ricupero como embaixador em Roma. Não se trata de condenar uma pessoa apenas por um ato, mas sim reconhecer que ela foi inescrupulosa o tempo todo e só agora se descobriu isso."
Otto Triebe de Mello (São Paulo, SP)

Ombudsman
"Na Folha de 26/10, em carta sob o título 'A quem interessar possa', o sr. Sapateiro diz que discordei de afirmações suas (o que é verdade) e que suas alegações são objetivas e logicamente verificáveis –afirmação que, com todo o respeito, eu gostaria de analisar. Parece-me que a não-resposta a algumas cartas em mais de 7.000 que a jornalista Junia Nogueira de Sá diz ter recebido não deve ser motivo para acabar com o cargo de ombudsman nem prova falta de isenção da então ombudsman e parcialidade do jornal, mesmo porque infalibilidade parece que é atributo necessário apenas ao cargo papal. Com isso, quero dizer que os fax enviados pelo sr. Sapateiro podem ter sido extraviados ou mesmo considerados sem interesse jornalístico, por exemplo. Ora, dessa não-resposta a sugerir a extinção do cargo de ombudsman vai uma distância lógica astronômica."
João Carlos de Campos Pimentel (São Paulo, SP)

Novas e velhas amizades
"Somente alguém com o caráter do sr. Itamar Franco poderia aproveitar o dia dos mortos para ver 'Forrest Gump' com uma 'nova amiga'. Somente uma pessoa com esse mesmo tipo de caráter para: 1) ser presidente e político sem partido; 2) ser vice-presidente de Fernando Collor; 3) ir ao sambódromo fazer 'novas amigas' e 4) ser conduzido pela sociedade à Presidência, após o impeachment do Collor, e trair essa mesma sociedade ajudando a eleger um dos candidatos. Coitados dos mortos, que dirá dos vivos!"
Aguinaldo H. Guimarães Jr. (Rio de Janeiro, RJ)

Salários
"Justificando a equiparação de seus 'irrisórios' salários (R$ 4.088,00) aos dos senhores ministros (R$ 5.519,00), alegam os ilustres parlamentares que a diferença pretendida (R$ 1.431,00 ou apenas 35%) 'não é nada de mais'. Realmente, não seria 'nada de mais' se, pela ordem hierárquica ascendente, fossem cumpridos os dispositivos constitucionais que asseguram o direito de isonomia salarial entre os servidores dos três Poderes das esferas Federal e Estadual."
Paulo Finotti (São Paulo, SP)

Sabotagem
"A bomba que explodiu num ônibus de Tel Aviv, no dia 19/10, teve um claro objetivo: a sabotagem do processo de negociações políticas que podem fluir para uma paz estável entre árabes e judeus. Repudiar este mais recente massacre, esta 'vendetta' sanguinária, não basta. É preciso levantar a voz e insistir sempre: só a paz será verdadeiramente revolucionária para o Oriente Médio e a ela só se chegará pela via complexa e tortuosa do diálogo direto entre as partes envolvidas."
Jacques Gruman, presidente em exercício da Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação (Rio de Janeiro, RJ)

Quércia e a Receita
"Para expressar seu apoio à sra. Rosa Soares Defensor, em episódio interno da Secretaria da Receita Federal, o sr. Osiris Lopes Filho publicou ontem um artigo na Folha citando meu nome e minhas empresas. Não conheço Rosa Soares Defensor e é absurdo atribuir-me qualquer interesse pelas questões internas da Receita Federal. Lembro, finalmente, que eu e as empresas de que participo fomos exaustivamente fiscalizados mais de uma vez nos últimos anos, tendo sido demonstrada e comprovada a lisura de minhas contas pessoais e daquelas empresas."
Orestes Quércia, candidato derrotado à Presidência pelo PMDB (São Paulo, SP)

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