São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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O trivial simples

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – São relativamente simples as receitas que os leitores que participaram do projeto Cidadão Folha oferecem para os dois candidatos ao governo de São Paulo.
Parece haver consenso de que o grande problema de nossas administrações não é a falta de dinheiro, mas como o dinheiro vem sendo gasto. Principalmente nas áreas de educação e saúde.
O Estado tem, por exemplo, dezenas de obras de hospitais paralisadas. São investimentos altíssimos desperdiçados e que seguramente estariam sendo melhor empregados se aplicados na elevação da qualidade dos hospitais e postos que já estão em funcionamento e na melhoria dos salários.
Os leitores pedem menos obras grandiosas, de necessidade discutível e que só alimentam a república das empreiteiras, e mais investimentos em qualidade para melhorar os serviços públicos.
Há outro consenso. O próximo governador tem de mexer na administração e no funcionalismo. Há funcionários públicos em excesso, poucos ganham bem, o atendimento em quase todas as áreas é precário.
Volta a questão anterior: dinheiro há, o problema é que está sendo mal gasto.
Em relação à educação, há um dado revelador: são muitos os depoimentos que evocam as qualidades da antiga escola pública e lamentam a sua falência. São testemunhos que provavelmente mitificam o passado, mas indicam a insatisfação com a realidade imposta à classe média e aos sem recursos: não há alternativa. Ou é a escola particular cada vez mais cara ou é a escola pública insatisfatória.
Fica a impressão de que quem resolver enfrentar esses três problemas –saúde, educação e serviços públicos– estará caminhando para a consagração.
Não são os únicos problemas, mas há uma consciência cada vez maior –e os questionários do projeto Cidadão Folha deixam isso claro– de que têm de ser resolvidos sem mais demora. E com receitas simples.

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