São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ampliar produção é difícil, diz consultor

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A oferta de produtos não tinha capacidade de crescer, até o Natal, no mesmo ritmo do consumo. A avaliação é de Fernando Montero, da consultoria Mendonça de Barros & Associados.
"As empresas não acreditaram no aumento da demanda, que não cresceu explosivamente, mas cresceu ", completa Cristina Barros.
Montero diz que, para se prevenirem de um dólar baixo, as empresas anteciparam o fechamento de seus contratos de câmbio (ACCs) antes da implantação do real, "comprometendo com exportações parte da produção. Elas estão amarradas".
O movimento de antecipação foi de US$ 12 bilhões, o equivalente a metade do que se exporta em todo segundo semestre.
O resultado é que, no terceiro trimestre do ano, as exportações de manufaturados apresentaram crescimento de 7,1% sobre o mesmo período de 1993.
Este movimento poderia ter sido compensado pelo aumento de importados. Não foi. As importações (excluído o petróleo), no mesmo período, cresceram 6,9%.
Importação
"Não existe a possibilidade de um choque de oferta, no curto prazo, via importações", diz o ex-ministro Mailson da Nóbrega, sócio da MCM. As empresas, em todo mundo, operam em regime competitivo, com estoque baixo e só reprogramam a sua produção se os pedidos, argumenta, tiveram um caráter mais permanente.
Montero afirma que as importações equivalem, até agora, a apenas 2% da produção nacional de manufaturados.
"É uma coisa muito pequena", pondera, para depois acrescentar que "serve para disciplinar as relações entre comércio e indústria. A ameaça das importações reduz a margem para reajustes de preços."
Mas, além da possibilidade de crescimento da produção ser limitada no curto prazo –"o problema é o Natal", diz Montero–, o fato é que, este ano, o comércio e a indústria ficaram menos estocados do que no ano passado.

Texto Anterior: Compulsórios devem elevar ainda mais juro do crédito
Próximo Texto: Crédito se arma para o fim do ano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.