São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Segredo' de pára-raio está no aterramento

JULIANA DE MORAES RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um bom sistema de aterramento. Essa é a principal orientação de técnicos especializados para quem pretende instalar sistema de segurança contra raios em casas de campo –ou necessita trocar o pára-raios em São Paulo.
O final da primavera e boa parte do verão formam o período do ano de maior concentração de ocorrências de raios no Estado de São Paulo, segundo técnicos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos (97 km a nordeste de SP).
Uma estimativa do Inpe aponta a incidência média de 5 descargas por km2/ano na região metropolitana de São Paulo, índice que sobe para 15 descargas por km2/ano em regiões montanhosas.
Embora os especialistas afirmem que em campo aberto nenhum pára-raios pode garantir proteção absoluta, existem sistemas que reduzem os riscos.
Criado em 1752 por Benjamim Franklin, o pára-raios ainda hoje é a melhor proteção. O equipamento serve de condutor para descargas liberadas –por nuvens ou solo–, permitindo o equilíbrio de cargas elétricas existentes nos dois pólos.
"O 'segredo' de um sistema de pára-raios está no bom aterramento", afirma Aguinaldo Rocha, 63, presidente da Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear.
Rocha diz que na extremidade superior do pára-raios é instalado um captor para atrair os íons (grupamentos de átomos com excesso ou falta de carga elétrica), responsáveis pela formação dos raios.
Os íons são levados através de condutores até o solo (aterramento), onde ocorre a descarga e o equilíbrio do campo magnético.
Segundo Milton Julio Zanluqui, da Paraklin Pára-raios, entre os tipos mais comuns (veja exemplos ao lado) estão o sistema de gaiola (Gaiola de Faraday), composto de seis partes principais: captador do tipo terminal aéreo, cabo de cobre, suportes isoladores, tubo de proteção, malha de aterramento e conector de medição.
Esse equipamento "envolve" o prédio e é indicado para construções que ocupem áreas horizontais, como galpões e indústrias.
Como exemplo, Pinto cita o sistema formado por captador tipo Franklin, que pode ser instalado em torre isolada ou como uma espécie de antena sobre a casa.
Nesse caso, segundo o pesquisador, a instalação exige cuidados técnicos, como evitar a colocação de pára-raios em torres altas.
"É aconselhável verificar a localização do terreno para ver se não é melhor um sistema mais simples sobre a casa, em vez de um poste muito alto", diz.
Segundo ele, a colocação de pára-raios em postes muito elevados pode acabar funcionando como atrativo para descargas e gerar o que os técnicos chamam de "efeitos secundários", como a queima de aparelhos eletrodomésticos.
Os principais componentes desse tipo, segundo a Paraklin Pára-raios, são captador tipo Franklin (em forma de tridente), poste metálico, cabo de cobre, caixa de inspeção, haste copperweld e conector cabo/haste.
A empresa tem ainda outros tipos de sistemas, mais complexos, que podem ser usados "contra surtos de sobretensão" ou para "proteção de altas edificações".
Para Álvaro de Oliveira Sobrinho, 43, diretor da Amerion Proteção Contra Descargas Elétricas, que também vende e instala pára-raios, a alternativa mais indicada é colocar em torno da casa uma malha de aterramento a uma profundidade de 20 cm a 30 cm, formando um anel de proteção.
"Um reticulado que não permita diferença de potencial de energia. A equalização evita a queda do raio entre um ponto e outro, minimizando os riscos", afirma.

Texto Anterior: Investidor de flat lucra com supereventos
Próximo Texto: Peça radioativa deve ser trocada até abril
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.