São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Edusp começa a editar arquivo do musicólogo

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a moda da música histórica toma conta do mundo a galope, as descobertas da música colonial brasileira vêm à luz passo de tartaruga.
Hoje, as músicas coloniais mexicana e peruana conquistaram espaço na cena histórica. O estilo colonial mineiro, porém, ainda não vingou, pela falta de fontes publicadas e boas interpretações.
Dois lançamentos –um livro e um CD– espanam o pó que cobre a documentação sobre o assunto.
A Editora da Universidade de São Paulo começou a produzir a coleção "Música do Brasil Colonial", com partituras inéditas de compositores setecentista do arquivo doado por Curt Lange ao Museu da Inconfidência de Ouro Preto. A coleção quer iniciar a elaboração de uma "Monumenta Musicae Brasiliae", sonho de Lange.
O primeiro volume contém obras restauradas por Lange de autoria do padre José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805), compositor do Arraial do Tejuco (hoje Diamantina) e uma de Marcos Coelho Neto (1740-1806), natural de Vila Rica (hoje Ouro Preto).
O Centro Pró-Música de Juiz de Fora lança o CD com a "Missa em Sol Maior" e o "Credo em Dó", de Joaquim de Paula Souza (1780-1842), e o "Te Deum", de Manoel Dias de Oliveira (?-1813), da região de Prados.
O livro traz de Emerico a "Antífona", o "Responsório de Santo Antônio" e o "Gradual par a Domingo da Ressurreição". São peças para coro e orquestra com baixo contínuo e revelam um colorida escritura rococó. O volume se complementa com a "Ladainha em Ré" (1787), de Coelho Neto, cuja instrumentação lembra os concertos grossos.
O disco é o produto final do Festival de Música Colonial Brasileira e Antiga, que acontece anualmente. Trata-se do terceiro CD lançado pela Pró-Música de Juiz de Fora. A execução é medíocre. No entanto, deixa entreouvir missas ao modo de Haydn e Mozart.
É difícil distinguir se o propalado "sotaque" dessa música provém da partitura ou da execução. Mas tanto livro como o CD evidenciam a qualidade das obras. Com bons intérpretees, podem agradar na Europa.
(LAG)

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