São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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' Não violamos plano de paz', afirma Angola após ataques

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

' Não violamos plano de paz', afirma Angola após ataques
O governo angolano negou anteontem ter violado o acordo de paz acertado em 31 de outubro e ainda não assinado, apesar dos ataques da semana.
O acordo tenta por fim à guerra civil iniciada em 1975 após a independência de Portugal, que opõe a Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola) e o governo.
O governo se vale de uma sutileza para negar estar boicotando o plano de paz: como o acordo ainda não foi assinado, não estão violando nada, pelo simples fato de que não há o que violar.
A suspensão do fogo está prevista para depois da assinatura oficial, afirmou o porta-voz presidencial, Aldomiro da Conceição.
O que ele não disse foi que as últimas investidas do governo complicaram enormemente o plano de paz, que deveria ser assinado no próximo dia 15 em Lusaka, em Zâmbia.
Segundo Conceição, o presidente José Eduardo dos Santos viajará para Lusaka como previsto e espera contar com o líder da Unita, Jonas Savimbi, para assinarem o acordo.
O governo afirma já ter controle de Huambo, segunda cidade do país e sede da Unita. Durante toda a semana, o governo vinha anunciando suas vitórias em Huambo e a Unita as negava imediatamente.
Nesta sexta, a Unita não negou imediatamente o anúncio governamental, o que pode indicar que os rebeldes realmente estão tendo de fugir da cidade.
A se confirmar, a queda de Huambo representaria para a Unita o maior revés militar desde o reinício da guerra, em fins de 1992.
Há informações de que violentos combates estão sendo travados na Província de Zaire (norte), onde se encontra a cidade produtora de petróleo de Soyo.
A guerra de quase 20 anos esteve próxima do fim em 1992, quando os dois grupos entraram em acordo sobre a realização de eleições presidenciais no país.
Mas após ser derrotada no pleito, a Unita resolveu retomar os caminhos da guerra. Jogou assim o país de volta ao pesadelo que já matou mais de 500 mil pessoas desde 1975.

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