São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jornais compram e vendem as desgraças

ANDY BECKETT
DO THE INDEPENDENT

Os jornais sempre pagaram pessoas por suas histórias. Na década de 20 já pagavam advogados de acusados de assassinato, em troca de entrevistas exclusivas. Em 1963 o News of the World comprou as confissões de Christine Keeler por US$ 36,8 mil. Jornais que afirmam ter mais princípios sempre criticaram essa caça –e depois pagaram ricos e famosos (como Marlon Brando e Alan Clark) para revelarem com quem dormiram.
Para operar esse mercado, criou-se uma cadeia cada vez mais complexa de repórteres e vendedores de furos. As notícias são repassadas de bares e delegacias de polícias a jornais semanais de cidadezinhas do interior, dali para agências locais de notícias e a seguir para as redações dos jornais. Cada elo garante sua participação no dinheiro e prestígio e as histórias são repetidas e exageradas.
Mas conseguir que sua história triste chegue aos jornais ainda é um processo doloroso. As vítimas de infortúnios pessoais são frequentemente bombardeadas por ofertas concorrentes, poucas horas depois de sofrerem desastre.
Um tablóide pode comprar uma história de desastre pessoal por US$ 3,2 mil para a primeira página, ou pagar US$ 32 mil se os outros tablóides também estão interessados, ou nem sequer publicá-la se aparecer algo mais interessante.
Os casos ilustrados a seguir mostram como se deram alguns dos infelizes que se tornaram celebridades neste ano.
Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: Barcos apostam na claustrofobia
Próximo Texto: Mãe fala de bebê raptado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.