São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994 |
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Brasília revê paixão da eleição de 1989
CYNARA MENEZES
Os eleitores de Valmir Campelo (PTB) e Cristovam Buarque (PT) brigam e se acusam mutuamente sempre que se encontram. "Traidores", dizem os campelistas aos que optaram pelo petista. "Corrupto", devolvem os seguidores de Buarque em direção a Valmir. Até mesmo os sinais com os dedos que marcaram o confronto Lula–Fernando Collor voltaram com força: V (como Collor) para Valmir Campelo, com os dedos indicador e médio, e C para Cristovam Buarque, com polegar e indicador em curva (quase uma variação do L de Lula). Nas ruas, as bandeiras amarelas e vermelhas dos dois candidatos tremulam nos carros em uma disputa tecnicamente empatada, segundo a última pesquisa do DataFolha. Nos últimos dias de campanha, com a entrada do governador Joaquim Roriz como cabo eleitoral de Campelo, os dois candidatos aceleraram ainda mais as atividades. Roriz, Campelo, o empresário Luiz Estevão (amigo de Collor e recém-eleito deputado distrital) e o candidato a vice Newton de Castro passaram a ter agendas independentes em eventos pró-Valmir. Buarque chegou a fazer três comícios e duas caminhadas em um mesmo dia, enquanto os aliados dos partidos coligados faziam corpo-a-corpo em outros locais. Ambos saíram do último debate, na quinta-feira, como vencedores. "Claro que ganhei", disse Campelo, confiante. "Eu até posso achar que ganhei, mas não vou dizer", afirmou Cristovam, assumindo perfil modesto. Na saída, o petista –como Collor em 89– foi flagrado por um fotógrafo aparentemente dando uma "banana" para a torcida adversária. Ele nega ter havido intenção. Também à semelhança de 1989, a campanha no DF é marcada pelo "denuncismo" e pelo confronto de promessas consideradas mirabolantes mesmo por alguns aliados dos dois candidatos. Buarque promete dar um salário mínimo a cada família carente com filho em idade escolar. Valmir, um terreno de dois hectares a cada família "com vocação agrícola". Quem é seduzido por uma das promessas briga com o outro. Na cidade-satélite de Brazlândia, sexta-feira, seguidores de Campelo arrancaram um cartaz contra o candidato colado em uma casa. A proprietária Elizete Guedes, professora, reagiu instigando um cão pastor alemão contra os adversários. "A casa é minha, eu colo o que quiser", disse, repondo o cartaz, um acróstico (jogo de palavras com as letras do nome) nada elogioso ao candidato do PTB. Texto Anterior: Tropas vão ficar de prontidão Próximo Texto: Entrada de Roriz eleva o clima da disputa Índice |
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