São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Fórmula 1 é um frio circo de horrores

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Nunca, como nesta temporada, a expressão "Circo da Fórmula-1" serviu tanto para definir essas milionárias corridas de carro. Começou sob o signo da tragédia, com a morte do campeão Ayrton Senna, e terminou em palhaçada, na madrugada de ontem.
Os especialistas dizem que, no fim, fez-se justiça. Afinal, asseguram os experts, o alemão Michael Schumacher é muito melhor chofer do que o inglês Damon Hill. Mas, apesar disso, ambos chegaram pau-a-pau a Adelaide, na Austrália. Isso porque o alemão fora punido com suspensão de várias corridas, pelos T. E. Barneys do espetáculo. E por quê? Porque ganhara tantas outras corridas com um automóvel provido de um dispositivo proibido (desculpem-me a ignorância técnica, pois nem pude outro dia socorrer a uma simpática senhora, à beira da estrada, com o pneu furado –do seu carro, claro). Ora, se estava proibido era porque haveria de favorecer o corredor, em prejuízo dos outros. Logo, nada mais justo que o alemão fosse penalizado. Portanto, Descontando-se a vantagem obtida por Schumacher irregularmente, ele ficou ali com Hill, diferença de um ponto.
Pois bem, na decisão, ao invés de provar sua superioridade técnica –tão decantada pelos amantes desse tipo de competição–, o que fez Schumacher? Atirou seu carro sobre o de Hill, com a cara mais deslavada deste mundo. É verdade que apenas repetia gesto já consagrado no passado pelo pranteado Senna e o professor Prost. Nem foi, sequer, uma idéia original, embora seguramente repreensível.
Enfim, com os dois fora da corrida, Nigel Mansell, o mais simpático de quantos já participaram desse estranho torneio, no qual vale é a potência da máquina, muito mais do que a habilidade do homem. Pelo menos, é um maluco assumido, que diz e faz o que pensa. Alguém que consegue conferir um toque de humanidade nesse impessoal e frio circo de horrores.

A vitória caiu do céu, literalmente, para o São Paulo, em Porto Alegre, no sabádo. Uma bola, despachada por André, na sua defesa, subiu, subiu e caiu no peito de Aílton, que se desvencilhou, na corrida, do zagueiro Argeu (ou será Argel? Nossos locutores têm de decidir, pois se for um, o "e" é fechado, se for outro é aberto, e tocou no canto direito, na saída do goleiro Sérgio.
Mas o fato é que o tricolor está muito distante daquele time envolvente, moderno, surpreendente, ofensivo dos tempos do bi. O curioso é que apesar de manter um contingente enorme de meio-campistas, nunca tem mais de três atacantes, tampouco se defende com mais de quatro. Parece que seu meio-campo é tragado por um buraco negro, no círculo central.
Já Lusa e Santos ficaram no zero, embora, segundo alguns relatos, a Portuguesa tenha criado muito mais chances no primeiro tempo.
Pelo jeito, é o destino de Santos e Lusa, que dividiram o título de 35 e o de 73

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