São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Viúva ficou dependente durante quatro anos

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITAPUÍ

A dona-de-casa Madalena Tassa, 63, tomou seu primeiro calmante no dia que o marido morreu. Nunca mais conseguiu dormir sem tranquilizantes.
Durante quatro anos, ela experimentou vários tipos de calmantes, desde os "mais fracos" aos "mais fortes". Acabou dependente.
"Eu não conseguia dormir se não tomasse um calmante. Tentei várias vezes largar o vício, mas não conseguia", disse.
Há seis meses, ela procurou a Unidade Básica de Saúde de Itapuí e começou um tratamento de recuperação.
"Hoje, não sou mais dependente de qualquer tipo de tranquilizante. Durmo bem e acho que até voltei a sentir vontade de viver", afirmou.
A dona-de-casa disse que hoje realiza as tarefas domésticas "com mais vontade" do que na época em que vivia sob efeito de psicotrópicos.
Segundo ela, na época em que tomava tranquilizantes vivia "sonolenta" e não tinha vontade de fazer os serviços de casa.
"O calmante que me deram para suportar a dor da morte do meu marido foi a porta de entrada para um longo período de sofrimento", declarou.
Psicóloga
A psicóloga Ana Maria Rodrigues, que cuidou da recuperação de Madalena Tassa, disse que os casos de dependência são "parecidos".
"Cada um tem um drama íntimo diferente, que leva ao consumo dessas drogas e a um longo processo de dependência psíquica", disse.
Ela afirmou que 12 prefeituras de municípios da região de Itapuí demonstraram interesse no problema do consumo de tranquilizantes.
Os coordenadores de saúde desses municípios suspeitam que o consumo de tranquilizantes em suas cidades também é alto.
"Essas cidades devem fazer levantamentos para ver como anda a situação na região", afirmou a psicóloga.
(LM)

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