São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Me segura! Mickey Rourke baixou em mim!

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Já vou avisando que hoje estou com um humor do cão. Hoje, para efeito do leitor, é ontem, terça-feira. Que eu passei enfurnada neste Playcenter de pernilongo só porque a lei obrigou-me a escolher entre dois mocorongos para governar o Estado.
Joguei meu feriado no lixo para optar entre um sujeito que se declara um neo-Moisés e outro que, durante a campanha, fez mais cara feia do que todas as carrancas das embarcações do São Francisco juntas. Bem faz a Globo em anunciar, em tom de alívio, que volta à programação normal com o fim do horário eleitoral.
E me segura! Só de pensar que, em vez de cumprir dever cívico nesta pústula de cimento, eu poderia ter ido cumprir dever físico nas areias de Maresias, me dá vontade de sair rodando e mordendo feito o demônio da Tasmânia.
Por falar em demônio da Tasmânia, semana passada meu caro amigo Zé Roberto Aguilar, o respeitado artista plástico, estava no SoHo de Nova York jantando em um daqueles restaurantes tailandeses da moda, um tal de Ken Khao, quando eis que Mickey Rourke surge no salão.
Aguilar e os demais tapuias à mesa ficaram de atalaia para ver o que ia rolar. Afinal, dias antes, Rourke havia sido ejetado do hotel Plaza depois de demolir, por motivos do coração, uma suíte. Ato, aliás, que deveria ter sido aplaudido pelo patrimônio histórico de NYC, uma vez que o Plaza reúne o maior número de móveis "fake" do mundo.
Pois não é que bastou Rourke pisar no local e a gerente chispou para o telefone? Segundo Aguilar, ela ligou correndo para o dono, por pressentir que a entrada do seboso ator no recinto colocaria em risco a integridade física do restaurante.
Como ator, acho Rourke um traste. Como símbolo sexual então, ele só causa furor entre fãs saudosistas do lutador de telecatch Teddy Boy Marino. Mas quando me contaram a história, não pude deixar de sentir peninha do Mickey Mouse harleyro.
Eu explico: é suficientemente desagradável saber que terceiros tomaram conhecimento de uma desavença conjugal sua, não? Pois imagine o que não deve ser o mundo inteiro, de Lhasa à Patagonia, conhecer em detalhes sua disputa com a cara-metade? Deus me livre e guarde! É alto mesmo o preço da fama!

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