São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Homem com carteira da PM é torturado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O vendedor Roberto Aldir de Souza Barboza, 33, foi torturado quase até a morte, ontem à tarde, na favela Nova Brasília (zona norte do Rio).
Até as 17h, policiais da 21ª DP creditavam a crueldade praticada contra Barboza ao fato de ele portar uma carteira emitida em 1974 pela Polícia Militar de Goiás.
O documento informa que Barboza servia na Diretoria de Paraquedismo da PM goiana.
Barboza foi salvo por policiais quando os torturadores se preparavam para furar-lhe os olhos, disse o delegado Mário Azevedo, da 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso, zona norte).
Ao ser retirado da favela pelos policiais civis, a vítima afirmou que já não era mais um policial militar.
Atualmente, Barboza estaria, segundo disse, trabalhando com consórcio de carros, na condição de vendedor autônomo.
Barboza está internado no hospital do Andaraí (zona norte). Teve braços, mãos e peito perfurados a facadas. Pauladas lhe abriram a cabeça em cinco locais. Seu joelho direito foi atravessado por um bala de revólver.
Para a polícia, Barboza foi torturado por traficantes comandados pelo atual "chefão" da favela Nova Brasília, conhecido como Marcinho PVC.
Tortura
Por volta das 14h, a 21ª DP recebeu telefonema anônimo contando que traficantes torturavam um policial na favela.
Agentes da DP foram ao morro, apoiados por um helicóptero da Polícia Civil.
Na praça do Terço –alto da favela– eles acharam Barboza caído sobre uma porta de madeira. Ao ver a polícia, os torturadores fugiram. Não houve troca de tiros.
Arrancar olhos
O delegado contou que a vítima chorava. "Ele disse que os bandidos se preparavam para arrancar seus olhos quando a polícia chegou", afirmou Azevedo.
Barboza teria dito que estava na favela à procura de uma pessoa conhecida.
Antes de encontrá-la, teria sido abordado e revistado pelos supostos traficantes, que, ao acharem a carteira da PM goiana, passaram a espancá-lo.

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