São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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Greenpeace invade usina de Angra

VICTOR AGOSTINHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A última ação do navio MV Greenpeace no Rio foi a invasão, ontem, da usina nuclear de Angra dos Reis. Os ativistas escalaram prédios do complexo nuclear e penduraram faixa protestando contra a utilização de energia atômica.
O navio saiu do porto do Rio por volta de 7h de ontem. Na hora do almoço, 13 ativistas do grupo desceram do MV Greenpeace em quatro botes a motor.
O grupo se dividiu em dois. Uma parte escalou Angra 2 e pendurou na usina uma faixa de 36 m2 onde aparecem o símbolo da energia nuclear e uma caveira.
O restante do grupo se colocou na frente das duas usinas e estendeu outra faixa com os dizeres: "Energia nuclear: você decide".
A faixa com a caveira foi colocada em um prédio ainda em construção, sem material radiativo. Atualmente, segundo Ruy de Goes, coordenador da campanha nuclear do Greenpeace, a usina Angra 1 está em fase de aquecimento para ser reativada. Angra 1 está fora de operação há 20 meses.
Procurado pela reportagem para comentar a invasão, o diretor de de produção da usina, Pedro Figueiredo, não estava no escritório do Rio. Sua assessoria informou que só ele tinha autorização para dar declarações.
Um funcionário da usina em Angra dos Reis, que não quis se identificar, classificou a invasão como sorrateira: "Eles invadiram sorrateiramente a usina num horário que não tinha muita gente e desligaram os equipamentos".
Para impedir que a segurança do complexo nuclear retirasse a faixa, os ativistas retiraram os fusíveis dos elevadores.
A invasão terminou com os ativistas plantando uma muda de pau-brasil na usina. A ação do grupo foi assistida pelos trabalhadores do complexo nuclear.
Só depois de concluída a ação é que a PM chegou e confiscou os radiotransmissores do grupo. Depois de conversar com os ativistas, a PM devolveu o equipamento e recebeu em troca os fusíveis dos elevadores da usina.

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