São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994 |
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Os novos pioneiros - 4
LUÍS NASSIF DE LAS VEGAS – Sem alarde, a bancada brasileira na Comdex, de Las Vegas (a maior feita de software do mundo), demonstrou não só sua capacidade de disputar em nichos técnicos (conforme mostrou a coluna de ontem), como também no disputadíssimo universo dos programas de prateleira.A história do cearense Luiz Furtado, da DSL, é exemplar. Tempos atrás, viajou aos Estados Unidos e conheceu um norte-americano que tinha pequena firma de assessoria de informática. Surgiu daí a idéia de fazerem um banco de dados para Windows. O cearense desenvolveu o produto; o norte-americano planejou o marketing. Nasceu o Create-a-Base, um primor de funcionalidade made in Ceará que, na feira, atraiu pessoas interessadas da China, Cingapura, Canadá e França. Comparado à maneira extremamente criativa com que o Create-a-Base dividiu a tela e dispôs os comandos, transformou cada ficha em um folder, customizou a barra de ícones, definiu os formulários de consulta e indexação, o Approach da Lotus (considerado o mais funcional dos bancos de dados de grife) vira um puzzle de complicação. Produto do ano A primeira publicação técnica para quem o sócio norte-americano apresentou o produto –o Los Angeles Computer Magazine (2,5 milhões de tiragem)– elegeu-o um dos softwares do ano. Analisando todos os databases existentes no mercado, dizia o crítico Murray Weil, não encontrei nenhum mais fácil de instalar e usar que o Create-a-Base. A poucos metros dali, os cariocas da Amerinvest apresentavam o Autoprogram, um gerador de aplicativos capaz de casar a funcionalidade do Approach com a automação de um aplicativo programável, totalmente voltada a objetos –isto é, permitindo montar aplicativos sem escrever uma linha de programa. O usuário monta uma aplicação de banco de dados e o programa automaticamente adapta para DOS, Windows, ambiente multiusuário e multitarefa. Depois o aplicativo pode ser distribuído com run-time (sistema que permite que ele rode sem estar acompanhado do programa original). Em 1991, a Amerinvest montou uma filial na Espanha, na qual o governo espanhol entrou com 15% de participação. Hoje, a empresa exporta para Espanha, Portugal, Venezuela, Argentna e Bélgica. Obras-primas As novidades não se concentram apenas na área de banco de dados. A carioca Módulo apresentou um produto excepcional, e único no mercado, para gerenciamento de segurança em redes e micros individuais –o Capoeira, em Windows, que permite definir senhas e acesso para cada usuário do um micro, individual ou em rede, com um simples click do mouse. No campo mais técnico do CAD (aplicações para desenho técnico), os campineiros da Unicad Tecnologia, desenvolveram uma pequena obra-prima, talvez o único programa de CAD parametrizado existente para PCs. A parametrização consiste no seguinte: o usuário desenha um motor. Depois, basta alterar a dimensão de um dos componentes do desenho, para o programa automaticamente reconfigurar todos as demais –tecnologia disponível apenas em alguns programas feitos para máquinas superpotentes. Além disso, como arquivos de imagem ocupam muito espaço em disco, o programa desenvolveu uma técnica habilidosa de arquivar em arquivo texto apenas os comandos que foram definidos pelo usuário. Sempre que o usuário quiser recuperar o desenho, chama o arquivo texto e o programa se encarrega de executar todos os comandos ali escritos. Estivessem nas mãos de um desses gigantes do mercado de informática, tivessem uma retaguarda maior de marketing, qualquer um desses produtos converter-se-ia imediatamente em um best seller internacional. Texto Anterior: Opep mantém produção em 95 Próximo Texto: Indústria volta a investir no lançamento de produtos Índice |
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