São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 1994
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"Hello, Boy!" copia clichês do cinema

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

É como um filme dos anos 50 ou 60, com músicas de Elvis Presley e outras de orquestra, de baile, com o envolvimento de uma professora "já madura", no dizer do programa da peça, e seu jovem e algo rebelde aluno, à Montgomery Clift, de existência trágica porque muito doente e com pouco tempo de vida.
"Hello, Boy!" espalha clichês do velho cinema americano por todo lado, mas é um teatro de câmara, com apenas dois intérpretes, nenhum cenário, objetos de cena invisíveis. Nada tem de cinema, da produção do cinema, para além de seu romantismo rasgado e do esforço apaixonado de seus dois atores.
Esther Góes, depois de uma passagem pouco feliz pela muito infeliz "As Bruxas", recompõem-se em texto e montagem que, se parecem limitados para sua história de atriz, ao menos dão liberdade, permitem que tenha prazer no palco. Pois é o que mais chama a atenção, em sua atuação –uma felicidade de atriz, como que encontrando outra vez seu lugar em cena.
Uma felicidade que, é claro, também vem da própria personagem, Olivia, uma professora que aos poucos vai-se deixando levar pelo amor do estudante.
Começa relutante, constrangida, rindo além da conta, em uma interpretação que resvala, por vezes, para a caricatura. Depois ganha força, apaixonada, ainda que em situações também clichês, como no encontro com os avós do rapaz.
Apenas como registro das deficiências da montagem, a atriz passa quase toda a apresentação de óculos, iluminada do alto, o que esconde seus olhos e a própria personagem.
Charles Geraldi, o aluno, faz o que pode, mas é ainda mais prejudicado, com um papel que exige dele uma infantilização excessiva. Ele procura escapar da armadilha com uma espécie de fatalismo trágico, de "rebelde sem causa", com algum sucesso, em certos momentos.Mas não adianta muito, com um texto e uma montagem capazes de um final tão mal idealizado e sobretudo tão mal realizado, como o de "Hello, Boy!".

Peça: Hello, Boy!
Autor: Roberto Gill Camargo
Quando: Segundas, terças e quartas, às 21h
Onde: Teatro Hall (r. Rui Barbosa, 670/672, tel. 284-0290)
Quanto: R$ 8,00

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