São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Covas critica Fleury por venda de ações

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A decisão do governador Luiz Antônio Fleury Filho de vender um terço das ações da Eletropaulo, a menos de 40 dias do final de seu governo, poderá criar um foco de atrito com o governador eleito de São Paulo, Mário Covas. "Eu não faria isso", disse Covas.
Covas criticou a venda das ações da Eletropaulo ao sair de um almoço com o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso. Informou que sequer foi avisado sobre a operação na reunião entre ele e Fleury, na última terça-feira.
Covas concordou com a líder do PSDB na Assembléia Legislativa paulista, Célia Leão, que chamou a operação de "negociata". A venda das ações foi aprovada anteontem na Assembléia.
"Se ela (Célia Leão) falou isso, deve ter alguma razão para dizer isso", afirmou. "Negociata tem ligação com a coisa específica, da maneira de operar o projeto".
Covas desconhece o motivo da venda. O governador eleito poderá rever o processo.
O que mais o contraria é a possibilidade de o dinheiro das ações servir para o pagamento de dívidas com empreiteiras –em torno de US$ 3 bilhões. O tucano queria fazer uma auditoria dessa dívida.
O tucano também teme que a venda nos últimos dias do governo ocorra com valor abaixo do de mercado. Covas ficou sabendo ontem que as ações não serão vendidas em leilão da Bolsa de Valores.
Se fossem vendidas em leilão, segundo os covistas, as ações obteriam melhores preços. Mas elas serão vendidas pelo sistema conhecido por "balcão", que são pregões normais da Bolsa.
O atual governador, Luiz Antonio Fleury Filho, disse em entrevista no Palácio dos Bandeirantes que a venda das ações da Eletropaulo será utilizada para o pagamento do 13º salário do funcionalismo e parte da dívida do Estado.
Fleury disse que seu projeto visa buscar dinheiro para pagar as obrigações do Estado. Ele voltou a afirmar que, mesmo com a venda, o Estado continua como acionista majoritário da Eletropaulo.
Secretariado
A liberação por parte de FHC da equipe que trabalhou em sua campanha e na de Mário Covas aumentou a especulação em torno dos novos secretários paulistas.
Covas diz ter recebido sinal verde para convidar qualquer nome das duas equipes para formar seu secretariado. "Ele me deu liberdade para convidar quem eu ache melhor", disse.
Luiz Carlos Bresser Pereira poderá integrar equipe econômica de Covas. Bresser queria ser ministro das Relações Exteriores de FHC. Mas o presidente eleito deverá optar por um nome do Itamaraty.
Devem ficar com Covas os ex-ministros Walter Barelli e Antônio Cabrera e os economistas Yoshiaki Nakano, Vladimir Rioli e André Franco Montoro Filho.
O advogado Miguel Reale Júnior e os economistas Andrea Calabi e Geraldo Gardenali podem ficar com FHC.
Colaborou CARLOS MAGNO DE NARDI, da Reportagem Local

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