São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Passeata de meninas de rua luta contra fechamento de entidade

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Cerca de 300 prostitutas adolescentes, meninas de rua e de comunidades carentes protestaram ontem em Recife (PE) contra a falta de recursos para a Casa de Passagem da cidade.
A entidade não-governamental, que presta assistência a cerca de 5.000 meninas carentes, ameaça fechar por falta de verbas.
Além do dinheiro do governo federal, a entidade recebe ainda US$ 300 mil (R$ 253,5 mil) por ano de organizações estrangeiras.
Escoltadas pela Polícia Militar, as garotas percorreram as ruas centrais da cidade pedindo "segurança e liberdade, vida e saúde". Muitas tinham a cara pintada e carregavam faixas e cartazes.
A passeata teve início às 9h e só terminou por volta das 11h, após percorrer cerca de 4 km. O trânsito no centro da cidade ficou congestionado. A reação da população na rua era de curiosidade.
O grupo parou em frente às sedes do governo do Estado e da Prefeitura de Recife para reivindicar apoio dos órgãos públicos.
"Este apoio é importante para nós", disse J.D.S., 18, que se prostitui no centro da cidade há seis meses "para ser independente". Grávida de quatro meses, ela diz que faz até cinco programas por noite a R$ 5 cada, mas que se sente "suja" com o trabalho.
J.D.S. integra o "programa de atendimento à trabalhadora do sexo", que atende cerca de mil prostitutas de três regiões da cidade. No próximo ano, ela pretende ingressar no programa de profissionalização para aprender um ofício –cozinha, costura ou manicure. Também participou da passeata Jaqueline Ferreira da Silva, 17, ex-menina de rua que move um processo contra a revista americana "Time". Em junho de 93, a revista publicou uma foto da garota, classificando-a de prostituta. O processo ainda tramita na Justiça.
Jaqueline trabalha na cozinha da Casa de Passagem, recebe R$ 12,00 por semana, além de escola, assistência médica e alimentação.
A secretária estadual de Ação Social, Lúcia Helena Simões, disse que o governo fará "o possível" para ajudar a entidade. A prefeitura, responsável pelo repasse dos recursos federais, informou que a segunda parcela do duodécimo devido à Casa de Passagem "já está depositado".

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