São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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É a solução mais fácil, não a melhor, diz Betinho

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, disse ver um "precedente perigoso" na permanência das Forças Armadas no combate à violência no Rio em 95 –como é defendido por 89% da população do Rio, segundo o Datafolha–, por temer que elas também sejam corrompidas pelo narcotráfico.
"No Peru, as Forças Armadas foram usadas no combate ao Sendero Luminoso e acabaram corrompidas pelo narcotráfico. Se chegarmos a isso, quem vai desarmar as Forças Armadas?", perguntou o sociólogo.
Betinho defendeu uma reforma nas Polícias Civil e Militar, como opção à continuidade da ação do Exército contra a violência no Rio.
"Manter as Forças Armadas é a solução mais fácil, mas não é a melhor, pois assim damos a elas um papel que difere de sua tarefa primeira, que é a segurança nacional", disse Betinho.
Para o sociólogo, o resultado do Datafolha é "natural" e revela "um suspiro de desafogo da população".
Ele avaliou também que o resultado mostra a crença da população nas Forças Armadas como um último reduto do poder policial não corrompido, em oposição às polícias Civil e Militar.
OAB
O presidente da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), Sérgio Zveiter, disse esperar que o Estado retome "suas obrigações" para fazer com que as Forças Armadas possam ser retiradas das funções policiais.
Para Zveiter, a atuação das Forças Armadas no Rio foi provocada por uma situação excepcional marcada pela ineficiência do governo estadual no combate à criminalidade.
"Espero que o próximo governador faça com que o Estado cumpra o seu papel enquanto poder público, para que as polícias estaduais combatam a criminalidade e o Exército volte ao quartel", afirmou Zveiter.

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