São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994 |
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Cariocas querem ação do Exército também em 1995
FERNANDO RODRIGUES
Trata-se de uma aspiração já manifestada pelos militares da Operação Rio. Mas eles estão impedidos de fazer isso. A operação existe por causa de um convênio assinado entre os governos federal e carioca em 31 de outubro. Pelo acordo, o Exército coordenará até 30 de dezembro todas as ações de combate ao tráfico de drogas e ao contrabando e posse ilegal de armas no Rio. Apenas 7% dos cariocas dizem ser a favor da saída dos militares do Rio em 95. Outros 3% estão indiferentes sobre a questão e 2% disseram não saber responder. O apoio à permanência dos militares no ano que vem cresce de acordo com o local de moradia do entrevistado. Quem mora longe dos morros onde há favelas dá um apoio maior à permanência dos militares. Para 93% dos moradores que vivem longe dos morros, o Exército deve permanecer no Rio em 95. O percentual cai para 80% entre entrevistados que moram em favela. Há uma variação de apoio também entre brancos, negros e mulatos. Para 90% da população branca do Rio, segundo o Datafolha, as tropas devem permanecer nas ruas da cidade. Entre os negros, o apoio é menor (82%). Para os mulatos, o percentual (89%) é semelhante ao dos brancos na pergunta sobre a permanência do Exército no Estado no ano que vem. Renda Entre as pessoas com renda superior a cinco salários mínimos o apoio à continuidade das ações é maior: 91%, contra 86% entre os que ganham até cinco salários. Diferença semelhante é registrada quando os entrevistados são divididos de acordo com a faixa etária: 90% dos entrevistados com mais de 26 anos defendem a operação em 95. Esse índice cai para 85% entre os que têm entre 16 e 25 anos. Para o convênio que criou a Operação Rio ser prorrogado é preciso que os governos federal e carioca aceitem. Isso deve ser discutido na próxima semana, quando os generais que comandam a ação estarão em Brasília. Na quarta-feira, a Comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados realiza uma sessão secreta com alguns militares para discutir a Operação Rio. É desejo dos deputados participar da renovação do convênio –aprovando, talvez, uma legislação específica. Apoio atual Esta é a segunda pesquisa Datafolha realizada sobre a Operação Rio, depois que teve início a ação militar. O apoio às operações atuais permaneceu praticamente inalterado. Nos dias 7 e 8 de novembro, 84% dos cariocas eram favoráveis à ação militar. No dia 24 passado, data da pesquisa publicada hoje, esse percentual variou para 86%. Como a margem de erro desta pesquisa é de quatro pontos percentuais, a variação da taxa de apoio é praticamente inexistente. Desta vez, o Datafolha também indagou os cariocas sobre a efetividade da Operação Rio. Para 63% dos entrevistados, o Exército conseguirá apenas diminuir e não acabar com a criminalidade. Esse dado era esperado pelo comando da operação. "É impossível acabar com a criminalidade. O nosso objetivo é trazer o nível de criminalidade para níveis aceitáveis no Rio", costuma repetir o coronel Ivan Cardozo, porta-voz da Operação Rio. Ainda assim, um em cada cinco cariocas (20%) tem esperança de que as tropas militares consigam erradicar totalmente o crime da cidade. Outros 13% não acreditam que o Exército seja capaz sequer de diminuir a criminalidade. Texto Anterior: Exageros à parte Próximo Texto: É a solução mais fácil, não a melhor, diz Betinho Índice |
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