São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Fim-de-semana concentra ação

FERNANDO RODRIGUES
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

As principais ações diretas em áreas de favela da Operação Rio devem ficar para os fins-de-semana. Isso já aconteceu duas vezes.
Na semana retrasada, o Exército havia invadido e ocupado duas favelas (Mangueira e Dendê). Durante a semana, até quinta-feira, se restringiu a fiscalizar o trânsito de automóveis e pessoas nas favelas da cidade.
Foi anteontem que outra grande operação foi realizada. Os militares ocuparam a favela no morro do Borel.
A estratégia de concentrar ações no fim-de-semana atende a dois objetivos.
O primeiro é sufocar o comércio de drogas. Na sexta-feira ocorre a grande concentração de venda de cocaína nos morros. Uma gíria nas favelas cariocas batiza o dia de "sexta-cheira".
A segunda razão é causar o mínimo de transtorno para os moradores e para o trânsito da cidade.
O Exército deseja conservar a imagem inabalada durante as ações. Como os militares consideram inevitável a prorrogação do convênio que criou a Operação Rio, não querem estar desgastados na hora da renovação.
Essa questão da renovação será discutida na quarta-feira, em Brasília, quando estarão reunidos todos os generais envolvidos na operação.
A reunião será na Comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Participam o ministro do Exército, Zenildo de Lucena, e os generais Edson Alves Mey (do Comando Militar do Leste) e Roberto Jugurtha Câmara Senna (comandante da Operação Rio).
A pedido dos militares, a sessão será secreta –não será permitida a presença de público e os participantes ficam proibidos de comentar o conteúdo da sessão.
Os deputados querem ouvir detalhes das ações. E vão cobrar um prazo para que a operação surta efeito.
(FR)

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