São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Rio elege deputada mais jovem

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

A mais jovem deputada federal eleita no país, Vanessa Felippe (PSDB-RJ), 22 anos, vai chegar ao Congresso com um projeto polêmico: impedir o acesso dos "ricos" à universidade pública.
Carioca de Bangu, bairro pobre da zona oeste do Rio –a 40 quilômetros do centro da cidade– Vanessa critica o vestibular como uma instituição que "trata os desiguais de forma igual".
"Os filhos dos pobres não têm condições de estudar em uma boa escola e passar no vestibular. Acabam tendo de pagar uma faculdade, deixando as públicas para os ricos", diz Vanessa.
Ela quer que, no vestibular, seja eliminado todo candidato cujo pai tenha condições de pagar uma faculdade particular.
Vanessa tem a pretensão de tirar da Constituição o artigo que universaliza o acesso ao ensino público. Não se intimida com a hipótese provável de a maioria dos deputados rejeitar a idéia.
"Se fosse assim, não poderíamos falar em reforma agrária com tanto deputado latifundiário", diz a futura congressista, que recebeu 64.488 votos em 15 de novembro.
Loira de olhos verdes, Vanessa diz não ter intenção de se transformar na "musa" do Congresso. "Deixo o título para Rita Camata (PMDB-ES)", diz, sem esconder a vaidade, que, segundo ela, "é parte integrante de toda mulher".
"Para honrar meu mandato, tenho de vencer o estigma de bela. Nada impede que uma mulher seja bela e competente", afirma Vanessa, que cursa o quarto período de Odontologia em uma faculdade particular de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ).
A estudante alterna idéias nacionais com promessas de uma atuação pró-zona oeste do Rio. "Vou levar uma faculdade e escolas técnicas para lá", diz.
Vanessa é filha do advogado Jorge Felippe, 44, que cumpre o terceiro mandato de vereador. Ela diz ter sido eleita porque foi a única candidata da coligação (PSDB-PFL-PP-PL) em Bangu.
Jorge Felippe mudou-se do PDT para o PSDB no ano passado, junto com o governador eleito, Marcello Alencar, que o convenceu a continuar vereador e mandar a filha para Brasília.
A convivência com os nacionalistas do PDT marcou as concepções de Vanessa. Ela é contra privatizações nos setores de telecomunicações e petróleo. Promete lutar contra os grandes bancos e as multinacionais, com projetos para as pequenas empresas.
Vanessa é separada do marido. Vai morar com a avó e o filho de dois anos no apartamento hoje ocupado pelo senador eleito Arthur da Távola (PSDB-RJ).
Ela afirma que não vai se sentir um peixe fora d'água em Brasília: "Faço boca-de-urna desde os três anos. Estou decorando o regimento interno (da Câmara) antes de assumir".

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