São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Mudanças no Paulista esquecem o fundamental

TELÊ SANTANA

Algumas das modificações para o Campeonato Paulista do próximo ano são aceitáveis. Outras, ao contrário, podem aumentar a violência no futebol. Mas as questões mais importantes não foram tratadas.
A adoção de um intervalo de três minutos no meio de cada tempo tem interesse publicitário. Vai trazer benefício à federação e talvez aos clubes.
Essa pausa também é boa para o técnico. Pode ajudá-lo a dar orientação aos jogadores. É verdade que essas interrupções podem incentivar algumas equipes a fazerem cera. Mas isso cabe aos juízes coibirem.
Outro ponto positivo é o aumento do número de substituições de dois para três, mais o goleiro. Essa medida pode beneficiar o espetáculo. Deve ajudar técnicos, que, com só duas substituições, às vezes têm dificuldades durante o jogo.
O aumento para 11 do número de jogadores que podem ficar no banco é desnecessário –embora não prejudicial. Mas vamos encontrar clubes, em certas situações, que não terão 11 reservas para pôr no banco.
A adoção do cartão azul é uma bobagem. Se um jogador faz alguma coisa que mereça uma expulsão –por violência ou por reclamação–, ele deve ser expulso, e não substituído.
O cartão azul pode até estimular a violência. Um técnico pode mandar um jogador que vai ser substituído que atinja com violência um adversário. Ele receberá o cartão azul e será substituído do mesmo jeito.
Outra solução poderia ser adotada. Quando um jogador fizesse cinco faltas, ele seria substituído, como no basquete.
Mas os pontos mais importantes não foram tocados. Não ouvi falar nada sobre arbitragens. Não se fala na cobrança dos árbitros que apitam maldosamente, para prejudicar uma equipe. Isso aconteceu muitas vezes este ano.
Outro ponto é que as bolas que vão ser usadas no campeonato não devem ser escolhidas por interesses comerciais.
Nós só temos jogado com bolas ruins. No Brasileiro e no Paulista. É preciso que os jogadores escolham a bola para que a federação não seja acusada depois.
Também não ouvi falar que vão fazer uma vistoria dura nos campos de futebol. Precisamos ter estádios com bons campos para jogar e com segurança para quem vai trabalhar.
Há muitos campos em condições precárias. Quem não tem campo adequado não deveria poder jogar nele.
No Paulista, temos usado vestiários sem condições de receber ninguém: apertados e imundos. Também não ouvi ninguém falar em corrigir isso.

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