São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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EUA fazem no Colorado 'superprisão' de US$ 60 mi

DENNIS CAUCHON

O chefão mafioso John Gotti poderá mudar-se em breve para a tranquila Florence, no Colorado.
O governo dos EUA está terminando de construir na cidade uma penitenciária de segurança máxima para abrigar os 484 presos mais perigosos do sistema penitenciário federal –chefões da Máfia, espiões, terroristas, assassinos e fugitivos reincidentes.
A prisão, que vai custar US$ 60 milhões, pretende ser a mais segura jamais construída pelo governo federal. Está sendo alvo de fortes críticas por parte dos defensores dos direitos humanos.
Essa prisão é projetada para levar os presos à loucura, destruindo-os psicologicamente, disse James Joy, diretor-executivo no Colorado da União Americana pelas Liberdades Civis.
Os presos perigosos serão confinados em suas celas 23 horas por dia e delas só sairão com correntes nas pernas, algemados e cercados por três guardas. Para as autoridades penitenciárias, essas medidas rígidas são necessárias –e legais.
Apelidada de Alcatraz das montanhas Rochosas, a penitenciária fica numa cidade cuja rua principal ostenta bares e salões de jogo. Mas os presos, a maioria dos quais cumpre penas de mais de 40 anos, têm mais chances de morrer atrás das grades do que de aproveitar a vida noturna de Florence.
A prisão foi projetada para que eles nem mesmo possam ver as Rochosas desde suas celas.
Nunca se pode dizer que uma prisão é à prova de fugas, diz o carcereiro John Vanyur. Mas fizemos tudo para obstruir as tentativas, por mais criativas que sejam. A "nova Alcatraz" tem a mais moderna tecnologia corretiva, incluindo 168 câmeras de vídeo e 1.400 portões controlados eletronicamente.
Segundo alguns internos de prisões federais, Florence contém celas subterrâneas onde os presos problemáticos seriam castigados, espancados e torturados.
As autoridades penitenciárias dizem que a única coisa subterrânea é o corredor que leva ao estabelecimento.
Para Vanyur, o termo 'solitária' não é exato. Os presos terão contato humano frequente –com guardas, psicólogos e capelães.
A penitenciária também contém duas unidades de "segurança ultramáxima" –conhecidas pelos presos como o buraco–, capazes de abrigar 148 presos de modo que não tenham contato físico com qualquer outro ser humano.
Os carcereiros dizem que essas unidades são a única maneira de punir e controlar os incorrigíveis e também de proteger os guardas e os outros presos e impedir fugas.
Os funcionários da biblioteca vão inspecionar cada página de cada livro devolvido. Motivo: os presos se comunicam por códigos, que às vezes são pontinhos quase imperceptíveis feitos a lápis, como um código Morse. Segundo o supervisor educacional Robert Bryant, esses caras têm muito tempo livre e inventam meios de comunicação inacreditáveis.
Toda a mobília das celas é fixa: banco, mesa e cama de cimento, prateleira de cimento com um televisor preto e branco de 12 polegadas. Não há saboneteira, assento de privada ou descarga, que poderiam ser usados como armas.
Os presos usarão sabonete em pó. Para impedir alagamentos propositais, chuveiros e torneiras ficarão abertos apenas um minuto a cada toque num botão.
Tradução de Clara Allain

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