São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
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Julian Schnabel contesta conteúdo de entrevista publicada pela Folha

DA REDAÇÃO

O pintor norte-americano Julian Schnabel, 43, que participa da 22ª Bienal Internacional de São Paulo, negou em carta enviada ao curador da mostra, Nelson Aguilar, o conteúdo da entrevista com ele, publicada na Folha do último dia 11 de outubro.
Schnabel declara que não atacou Aguilar por sua defesa da crise do suporte (tela) na arte, tese central do evento. As declarações de Schnabel à Folha estão gravadas.
Na carta, Schnabel expressa suas desculpas "pelo tom e falta de apreciação da entrevista pelo seu trabalho e energia como curador da Bienal."
E ataca o autor da entrevista, Bernardo Carvalho: "É o trabalho de um espião que está procurando uma casca de banana para alguém escorregar. Em muitos casos, as perguntas dele foram refeitas para acomodar respostas de maneira que fossem convenientes ao seu objetivo", escreve na carta.
"Eu acredito que você (Aguilar) tem um verdadeiro inimigo. Ele não é nem seu amigo, nem meu, nem da arte. Me foi dito que você estava pregando a morte da pintura mais uma vez. É a velha história sobre a qual não vale brigar; nada mata a pintura a não ser a própria pintura", continua o pintor.
Bernardo Carvalho reafirma o conteúdo do texto publicado. "Tudo que Schnabel nega ter dito está gravado em fita. O teor de seu ataque contra Aguilar não foi deturpado por mim, mas, ao contrário, suavizado. Havia xingamentos que achei por bem –e por um equivocado respeito humano a Nelson Aguilar– omitir", diz.
Quando questionado sobre "a crise da tela e do suporte apontada por Aguilar para justificar a sua seleção de artistas", Schnabel respondeu, em trecho suprimido da entrevista publicada:
"Eu diria que ele tem merda na cabeça ('he's full of shit'). Não sabe de porra nenhuma do que está falando ('he doesn't know what the fuck he's talking about'). Nem sei quem ele é. E que importância isso tem? Nelson Aguilar é pintor? Então de que é que ele entende?"

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