São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994
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Tubarão mata surfista em praia de Pernambuco

Lima teve a coxa esquerda dilacerada no ataque

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Um tubarão matou anteontem o surfista Claudemilson Lima, 21, na praia do Paiva, município do Cabo (41 km de Recife, PE).
Segundo o perito da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Fábio Hazin, este foi o oitavo acidente envolvendo tubarões registrado em Pernambuco este ano. Lima foi a única vítima fatal.
Lima teve a coxa esquerda dilacerada e, segundo o IML (Instituto Médico Legal), morreu por hemorragia.
Para Fábio Hazin, "não há a mínima dúvida" de que ele foi atacado. Hazin, que acompanhou a perícia médica, disse que Lima recebeu duas mordidas de um tubarão de aproximadamente 2,8 metros.
No primeiro ataque, segundo ele, o animal teria aberto o ferimento encontrado abaixo do joelho da vítima. Ele então teria caído da prancha.
Só na segunda investida a musculatura da coxa esquerda de Lima teria sido arrancada, provocando o sangramento que o levou à morte.
O corpo do surfista foi encontrado por duas pessoas não-identificadas. Lima teria saído para surfar no início da manhã.
Nos últimos dois anos, afirmou Hazin, 11 ataques a banhistas e surfistas foram confirmados em Pernambuco.
Como das outras vezes, não foi possível identificar a espécie que atacou o rapaz. "Pode ser o tubarão-tigre ou o cabeça chata", afirma Hazin.
As duas espécies, afirmou, vivem no litoral e são agressivas. O tubarão-tigre pode chegar a medir 6 metros.
Identificação
A identificação, diz o perito, poderia ser feita caso fosse encontrado um dente do animal no ferimento, o que não ocorreu. O pesquisador também não sabe dizer qual a causa dos ataques constantes que vêm ocorrendo no litoral pernambucano.
"Pode ser por fatores ambientais ou biológicos, não sabemos ainda", afirmou. Hazin estuda o fenômeno desde setembro passado.
Os primeiros resultados da pesquisa apontam que a topografia submarina de algumas praias "é ideal" para os ataques.
Nesses locais, afirmou, existe um canal profundo ao longo do litoral, o que favoreceria a permanência dos tubarões.
Enquadram-se nesse perfil, segundo o perito, a praia de Boa Viagem, a mais frequentada do Estado, e a de Piedade.
Para Hazin, ataques como o que matou Lima vão continuar a acontecer enquanto os surfistas permanecerem nessas regiões.
Maranhão
Este é o segundo caso de morte provocada por ataque de tubarão em menos de dois meses na região Nordeste.
No início de novembro, o estudante Carlos Adileno Magalhães, 19, foi encontrado morto na praia do Caolho, em São Luís (MA). Ele estava desaparecido havia duas semanas.
Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), Magalhães ainda estava vivo quando foi atacado pelo tubarão, afastando a hipótese de afogamento.
O estudante perdeu todo o braço direito e teve as pernas e costas dilaceradas.
Mais três pessoas podem ter morrido em decorrência de ataque de tubarões nas praias do Maranhão este ano.
Nos meses de abril, agosto e setembro os corpos das três pessoas apareceram nas praias da capital com membros dilacerados ou arrancados –marcas características de ataques de tubarões.
Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, os tubarões são atraídos para São Luís devido à grande quantidade de peixe e à temperatura da água, em torno de 28 ºC.

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