São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Agora é o funcionário quem avalia o chefe

JOSÉ VICENTE BERNARDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo método de aperfeiçoamento gerencial, desenvolvido nos Estados Unidos e Europa, traz a chance que muitos profissionais sonham: a de avaliar, criticar e até dar nota a seus chefes.
A técnica –que nos EUA recebeu o nome de "360-degree feedback" (retorno de 360 graus) e que no Brasil ainda está sem nome definido– tem como objetivo detectar as principais falhas do líder de cada equipe a partir de questionários respondidos anonimamente pelos subordinados.
O questionário da American Express, por exemplo, pede que os funcionários dêem notas de um a cinco em itens como capacidade de admitir erros e de reconhecer méritos. São no total cem perguntas (veja 20 no quadro abaixo).
Os resultados são tabulados por consultores especializados, que orientam a elaboração de um "plano de ação" para o chefe atacar seus pontos fracos.

Saia justa
É na próxima etapa que a situação pode ficar desconfortável. Chefe e subordinados são postos frente a frente para discutir as formas de melhorar seu relacionamento e o desempenho da equipe.
"No início, ninguém falava", lembra Jorge Gomes Fornari, 46, vice-presidente de recursos humanos da American Express.
"Os chefes que participam do programa pela primeira vez ficam muito tensos, pensam que o subordinado quer prejudicá-lo. Alguns não aguentam e saem no meio", diz Fornari.
Desde julho de 1993, cerca de 400 gerentes do banco Chase Manhattan na América Latina estão passando por processo semelhante dentro de um programa mais amplo de aperfeiçoamento gerencial.
"O profissional deveria agradecer por informações que podem melhorar seu trabalho", diz Jo-Ann Esquenazi, 37, diretora de desenvolvimento de RH do Chase Manhattan para a América Latina.
Com experiência de dois anos no desenvolvimento desses questionários –que devem ser formatados conforme a empresa– Noely de Carvalho David, 43, diretora da PCF Consultoria Empresarial, afirma que muitas empresas brasileiras –"principalmente as familiares"– são resistentes a esse método de avaliação.
"Os chefes dessas organizações temem ficar expostos demais e sofrer abalo em seu status."

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