São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Desemprego atinge maioria das jovens espanholas

ENRIQUE JURADO
DO EL PAÍS

O desemprego é particularmente grave para mulheres jovens na Espanha. Para o grupo com idades entre 16 e 19 anos, a taxa de inatividade foi de 54% em 1993.
Esse indicador passa para 45% no caso de mulheres entre 20 e 24 anos, segundo a pesquisa "A Situação de Trabalho da Mulher na Realidade Social e Trabalhista Espanhola", elaborada pelo (CES) Conselho Econômico e Social.
Outro dado mostra que as mulheres ocupam apenas um em cada três empregos na Espanha.
Entretanto, a incorporação da população feminina ao mercado de trabalho tem sido espetacular nos últimos dez anos.
Nesse período, mais de 1,5 milhão de mulheres foram incluídas na população ativa (ocupados e desempregados). Em contrapartida, apenas 200 mil homens entraram nessa estatística.
A taxa de atividade feminina cresce em todos os grupos de idade –com exceção das mulheres maiores de 55 anos e das que estão na faixa dos 16 aos 19 anos.
Nesse último grupo, verifica-se atraso na incorporação ao mercado de trabalho devido ao prolongamento dos estudos que, em muitos casos, se estende até os 24 anos.
Entre mulheres com mais de 25 anos há um forte aumento da taxa de atividade profissional. Para as que estão entre 35 e 39 anos, o incremento chega a ser de 25 pontos percentuais.

Comportamento
Esse crescimento revela mudança de comportamento das mulheres espanholas na última década.
Elas não só foram incorporadas de forma mais acentuada ao mercado de trabalho, mas também permaneceram nele –inclusive nas idades em que tradicionalmente abandonariam suas atividades para cuidar dos filhos.
"É preciso assinalar que essa tendência nem sempre significa progresso na igualdade de emprego masculino e feminino, como demonstram os números de ocupação e desemprego", registra a pesquisa do CES.
É precisamente o que vem ocorrendo na Espanha nos últimos dez anos. Enquanto a população ativa feminina aumentou para 38,7%, a população ocupada ficou em 27,6%.
Em 1993, as mulheres representavam 47% do total de desempregados, embora sua população ativa seja apenas um terço desse total.
Isso quer dizer que as espanholas que tentam ascender a um posto de trabalho correspondem a 36% da população ativa e a porcentagem de desemprego entre elas é quase igual à dos homens.
Em valores relativos, o desemprego feminino é muito superior ao masculino, embora haja mais desocupados que desocupadas.
Além disso, a escassa geração de postos de trabalho no início dos anos 90 e o aumento do desemprego incidiram negativamente nas jovens que tentaram entrar no mercado de trabalho.

Serviços
Uma das características do emprego feminino é seu direcionamento ao setor de serviços. Esse fenômeno coincide com a tendência de terceirização da economia.
Mas o setor público é o que efetivamente mais contrata mulheres. No período de 1984 a 1993, o crescimento da ocupação nesse setor alcançou 65% –no setor privado foi de 39%.
Em 1993, a proporção era de 72 mulheres para cem homens no setor público. A tendência é acentuar a preponderância feminina nessas atividades.
A população feminina assalariada também continua com maior presença na contratação temporária. Entre as mulheres, 37,2% das assalariadas têm esse tipo de contrato, contra 29,8% dos homens.
Também se observa nessa década uma importante mudança na estrutura de emprego feminino. O número de mulheres que decidiu embarcar na aventura de se tornar empresária tem crescido ostensivamente nos últimos anos.
Há uma década, apenas uma mulher entre dez homens se convertia em empregadora. Agora, essa proporção de empreendedores é de uma mulher para cinco homens.
Entre as consequências sociais negativas, a tradicional incumbência das tarefas domésticas às mulheres se traduz em perda de capacidade produtiva. O trabalho em casa atinge 60% das mulheres espanholas empregadas.
Tradução de Denise Chrispim Marin

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