São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Calendário do futebol precisa ser mais racional

O São Paulo, em discussões com a diretoria, a comissão técnica e o Zetti, que é o capitão do time, está elaborando uma proposta de calendário para o futebol brasileiro. A proposta partiu do número de datas possíveis para se jogar futebol.
O Brasil é o único país do mundo que possui campeonatos estaduais. Por isso, o calendário deste país deve ser o mais racional de todos, o que não acontece. Hoje, em nenhum país do mundo se joga tanto quanto aqui.
Alguns times grandes –e o São Paulo tem passado por isso nos últimos três anos– jogam até um pouco mais de cem partidas por ano, o que é um absurdo.
Esse excesso atrapalha o aspecto profissional do esporte. Não há como preparar uma equipe para jogar tanto. Atuando a cada dois dias ou em dias seguidos, não é possível fazer treinamentos físicos, técnicos e táticos para aprimorar a equipe.
A nossa proposta –não temos a pretensão de que ela seja perfeita e estamos abertos a sugestões– permite que os grandes disputem os estaduais, o Brasileiro, a Libertadores, a Supercopa e a Conmebol.
O mês de agosto, por exemplo, está sendo reservado para a disputa de amistosos na Europa. Nesta época estão sendo jogados os torneios de verão.
Os clubes do interior, por outro lado, jogariam um campeonato estadual que duraria quase todo o ano, com chance de disputar o Brasileiro seguinte.
Hoje em dia, esses clubes funcionam apenas alguns meses por ano. Quando começa o campeonato estadual eles arrumam jogadores emprestados a clubes com melhores condições e, ao seu final, os devolvem.
Pela proposta, as melhores equipes começariam o ano jogando o Brasileiro. Enquanto isso, as equipes do interior jogariam os estaduais.
No fim do ano, os "grandes" decidiriam o estadual contra os melhores classificados da primeira fase da competição.
Em São Paulo, por exemplo, há oito times no Brasileiro. Assim, a segunda fase do Paulista teria esses oito times, mais quatro melhores da primeira fase.
Essa fase definiria o campeão e também os oito times que disputariam o Brasileiro no ano seguinte. Com exceção do ano de implantação desse calendário, nenhum time teria lugar assegurado no Brasileiro.

Telê Santana, 63, técnico do São Paulo, escreve nesta coluna aos domingo

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