São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corintiano fica com pulga atrás da orelha

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Corinthians anda flertando com a sorte. Não bastasse ter montado sua equipe já muito em cima da competição, passou a fazer um rodízio entre os titulares e os reservas, com a intenção de poupar a equipe principal para o momento mais nobre. E mais: decidiu jogar com força total na Conmebol, o que resultou na baixa à enfermaria de um jogador-chave da equipe –Souza, que ficou de fora da primeira partida contra o Bragantino, pelas quartas-de-final do Brasileirão.
Ora, se o elenco foi reunido em cima da bucha, o mais ajuizado seria manter o máximo possível os 11 titulares juntos, em busca do tal de entrosamento. Com a advertência de que a turma fosse de leve, evitando ao máximo as contusões.
Sei bem que uma distensão muscular pode surpreender o sujeito na cama, enquanto ele sonha com a Guerra nas Estrelas. Mas desconheço exemplos.
Enfim, a escolha foi essa, e o Corinthians pega hoje o Bragantino, precisando apenas de um empate. Moleza? Nem tanto, pois o torcedor, como o crítico, vai ao campo com a pulga atrás da orelha.
Afinal, faz tempo que o Corinthians não oferece um bom espetáculo neste Campeonato Brasileiro. E até mesmo quem poderá dizer qual o time ideal a ser escalado por Jair Pereira? Tirando-se a zaga, onde as opções estão restritas a dois laterais e três centrais, são infinitas as combinações de ataque e meio-campo. Mas tudo na teoria, pois na prática, por exemplo, Boiadeiro, que seria o armador titular, ficou de fora durante tempo suficiente para colocar em dúvida a solução.
Tanto, que no primeiro confronto com o Bragantino, foi sacado. Entrou Tupã, que fez o gol de empate muito além do tempo normal, embora regulamentar.
Já o Bragantino, se não exibe um escudo poderoso, tem um meio-campo respeitável, onde atuam dois dos melhores do setor no Brasil: Donizetti e Alberto.
Não vai ser fácil. Se for, o Corinthians deixa o campo com pinta de campeão.

A estas alturas, o Gilberto Mansur, o Roberto Drummond e o Milton Nascimento devem estar gelando o champanhe, para celebrar a classificação do Atlético-MG às semifinais. Afinal, o Galo meteu 2 a 0 no Botafogo, no Mineirão e tal e cousa e maripousa, como diria o Renato Consorte, inspirado por Paulo Vanzolini. Mas calma, gente. Vamos botar um tempero mineiro nessa euforia, pois a vitória do Atlético, na quinta, não me convenceu. Quer dizer: jogou melhor, mereceu vencer aquele jogo. Mas deu sinais de fragilidade em sua defesa.
No primeiro tempo, até que o Atlético me lembrou aquele time veloz, dos tempos de Vaguinho e Lair, ou, mais recentemente, de Paulo Isidoro e Reinaldo (o outro). Mas, no segundo, desabou, e só não entregou o ouro porque o juiz expulsou o lateral-esquerdo do Bota, Jefferson.
Logo, sugiro aos amigos que deixem no frigor, ao lado do champanhe, uma canjiquinha para ser deglutinada bem quente, pelas beiradas.

Texto Anterior: Confrontos de alvinegros decidem últimas vagas para as semifinais
Próximo Texto: Calendário do futebol precisa ser mais racional
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.