São Paulo, domingo, 4 de dezembro de 1994
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Berlim marcou mudança científica e política

HELIO GUROVITZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao se mudar de Zurique para Berlim em 1914, Einstein também mudou seu comportamento científico e político.
Em Zurique, era rodeado por amigos que não tinham necessariamente seu nível científico, mas com quem discutia livremente.
Ele era uma pessoa extremamente reservada em Zurique e se tornou uma figura pública em Berlim, disse Jrgen Renn, do Instituto Max Planck.
Na capital alemã, passou a expor em público trabalhos que antes guardava para suas notas e discussões privadas.
Na época, a física vivia grande conflito entre teorias filiadas ao estudo do movimento de corpos (mecânica) e ao estudo de forças elétricas (eletrodinâmica).
Em vez de tomar partido, a mente independente de Einstein preferiu encarar os paradoxos entre as duas correntes e tentar unificá-las. Até morrer, buscou em vão uma teoria do campo unificado.
Sua mudança para Berlim também coincidiu com o início da Primeira Guerra Mundial e com uma maior politização da ciência. O governo tenta envolver intelectuais em sua propaganda, disse Renn.
Certa vez, o governo pediu a cientistas alemães um manifesto negando crimes de guerra cometidos contra a Bélgica.
Einstein, membro de organizações pacifistas, não apenas deixou de assinar, mas também promoveu um contra-manifesto.
Com a ascensão do nazismo e o crescente anti-semitismo, Einstein –judeu– passou a sofrer pressões na Academia Prussiana.
Em 1932, foi tomado de surpresa por uma tentativa de expulsão da Academia. Renunciou à cadeira e se estabeleceu nos Estados Unidos. Jamais voltaria a pôr os pés na Alemanha.
Mas foi o mesmo pacifista da Primeira Guerra que, na Segunda Guerra, dirigiu uma carta ao presidente Franklin Delano Roosevelt pedindo que os EUA desenvolvessem a bomba atômica –antes da Alemanha.
(HGz)

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