São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994 |
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Nielsen vai aferir audiência de redes e TVs alternativas
NELSON BLECHER
Os levantamentos da Nielsen, com início previsto em março no país, não se limitarão a aferir a audiência das grandes redes, como faz hoje o Ibope. Equipamentos importados possibilitarão ao instituto monitorar número ilimitado de canais –TV a cabo, UHF e via satélite. "A Nielsen abre a competição no mercado monopolista", afirma o vice-presidente Norton Rodrigues, de olho numa fatia dos US$ 7 milhões anuais gerados pelo negócio de pesquisa de TV. Trata-se de cifra modesta se comparada aos US$ 250 milhões colhidos pela Nielsen no mercado norte-americano. "Estamos produzindo um sistema alternativo ao do Ibope, seguindo exigências de mercados mais desenvolvidos", limita-se a declarar Rodrigues, preocupado em não alertar o concorrente. O SBT será o primeiro cliente do instituto. "Embora seja concorrente respeitado, a Nielsen não representa uma ameaça real", diz Flávio Ferrari, diretor da Ibope Mídia. Acrescenta que o cinquentenário instituto que, a exemplo da Nielsen, tem atuação internacional, se dispõe a oferecer eventuais relatórios diferenciados do concorrente. Ao custo de US$ 2 milhões, o sistema da Nielsen prevê a instalação de mais de 600 aparelhos "people meter" em residências da Grande São Paulo. Dotado de um computador e acionado por controle remoto, o aparelho registra o programa sintonizado por cada familiar, o que possibilita segmentar o público. As informações colhidas pelo "people meter" são transmitidas, em tempo real, a uma central eletrônica, através de uma faixa de rádio frequência –a coleta por linha telefônica, opção usada na Argentina, foi descartada porque 60% dos telespectadores brasileiros não possuem aparelhos. Numa evidente mas não admitida reação à entrada do rival, o Ibope prepara-se para oferecer, dentro de dois meses, informações em tempo real dos 600 aparelhos que têm instalados na região. Hoje, somente 300 operam em "real time". A coleta passará a ser feita através de rádio frequência, graças à conversão de equipamentos atualmente lincados a telefones e linhas privadas. Além disso, o instituto investe US$ 800 mil para instalar, até abril de 1995, 350 medidores em sete outras capitais onde a pesquisa vem sendo feita por sistema manual. A Nielsen também planeja expansão nacional, mas só fixará prazo após a experiência de campo na Grande São Paulo. O "people meter" do Ibope tem capacidade para aferir até 20 canais –inferior ao número dos sintonizados pelos assinantes. O aparelho até registra audiência de um canal alternativo, mas sem discriminar se se trata de transmissão de TV ou fita de videocassete. "Estamos verificando a viabilidade de medir TVs por assinatura e cabo", diz Ferrari. Em sua ofensiva latino-americana, a Nielsen passa a enfrentar o Ibope também na Argentina, Colômbia e Equador, países em que o instituto brasileiro opera com filiais ou associado a empresas locais. Texto Anterior: A propaganda é paulista Próximo Texto: Coleta no RJ é subestimada Índice |
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