São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Equipe quer mais controle

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A demora na definição oficial da área econômica do governo FHC não se deve apenas a problemas pessoais e salariais. Há outra questão: os membros da equipe querem mais controle na gerência do Plano Real.
As negociações envolvem desde nomeações para cargos decisivos para o programa de estabilização, como a diretoria dos bancos federais, até uma posição de independência para tocar as novas fases do programa.
O núcleo da equipe do Real é formado por Pedro Malan, Edmar Bacha, Pérsio Arida e Gustavo Franco. Fernando Henrique Cardoso quer a permanência de todos e pretende atrair novos nomes para o grupo central.
Os atuais membros da equipe também estão empenhados em levar mais gente para o governo. Mesmo porque não falta serviço.
Não se trata, porém, de nada parecido com chantagem com o presidente eleito. Não é um jogo de tudo ou nada e muito provavelmente os economistas vão ficar.
Eles têm compromissos com FHC e com o Plano Real, uma obra de que se orgulham e que está incompleta. Mas nada disso os impede de lutar por mais controle.
Por exemplo, se as diretorias do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal forem submetidas a loteamento político, parte essencial do plano estará comprometida.
Como ficou comprometido até aqui. As diretorias do BB e de Caixa não cumpriram as metas de enxugamento e redução de custos. Nenhuma agência foi fechada.
Membros da equipe têm dito que não adianta nada a Fazenda controlar gastos se os outros ministros continuam gastando.
Em resumo, os economistas não querem nomear todo mundo, mesmo porque não têm quadros para isso, mas querem ter garantias de que não serão, no governo FHC, um grupo isolado a defender o programa de estabilização.
Como Fernando Henrique aposta pesado na estabilização e como, quando ministro da Fazenda, garantiu ampla independência de trabalho à equipe, a perspectiva é de que se entendam.
Malan já está formando a equipe da Fzenda. A ida de Edmar Bacha para a presidência do BNDES também é certa.
Não está certa a nova posição de Gustavo Franco, atual diretor de Assuntos Internacionais do BC. Quanto a Pérsio Arida, será mesmo presidente do Banco Central, embora resista.
Até agora, as aquisições mais importantes são as dos economistas José Roberto Mendonça de Barros (que deve cuidar das privatizações) e Francisco Lopes (alguma secretaria ligada ao programa de estabilização. O ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira pode ocupar algum ministério.

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