São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Polícia suspeita de ligação com crime do Rio

ISNAR TELES
DA FOLHA VALE

A Polícia Civil de Taubaté suspeita que o sequestro do estudante André Penido, 18, possa ter ligações com a "conexão caipira" do crime organizado do Rio instalada na região do Vale do Paraíba.
André Penido, de Guaratinguetá, foi sequestrado no último dia 19 e libertado na última sexta em Santa Rita do Sapucaí (MG). O valor do resgate pago aos sequestradores foi de R$ 500 mil.
Segundo o delegado regional de Taubaté, Godofredo Bittencourt Filho, 49, essa conexão teria o objetivo de obter dinheiro para patrocinar o crime organizado do Rio.
A "conexão caipira" foi descoberta na região pela polícia quando começaram as operações do Exército nos morros do Rio.
Traficantes de drogas, assaltantes de carros-fortes e sequestradores do Vale seriam o elo entre os dois Estados. O Grupo Anti-Sequestro, da Polícia Civil de São Paulo, começa hoje a investigar o caso.
O grupo de elite da Polícia Civil foi acionado para tentar saber se de fato existe ligação entre o sequestro e o crime organizado do Rio. O delegado seccional de Guaratinguetá, Acyr Almeida, disse que André teria percebido que o grupo que o sequestrou possuía armamentos como fuzis AR-15.
Engano
A Polícia Civil investiga ainda a possibilidade de o estudante ter sido sequestrado por engano. O estudante teria dito ao médico da família, Luiz Alves Coragem, 47, que o alvo do grupo seria seu primo Tadeu, filho do empresário Pelerson Penido. Penido é proprietário de várias empresas, entre elas a construtora Serveng-Civilsan.
Ontem à tarde André prestou depoimento à Polícia Civil na sua própria casa, em Guaratinguetá. Até as 18h o depoimento ainda não havia terminado.
Segundo o delegado seccional de Guará, Acyr Almeida, a polícia vai tentar com o depoimento saber o local do cativeiro e obter pistas sobre os sequestradores.
"Ele está falando muito pouco sobre o que aconteceu. Isso atrapalhando o trabalho da polícia", disse Bittencourt Filho.
Ele afirmou que as investigações do caso daqui para frente serão sigilosas e que a polícia espera com o depoimento do estudante localizar o cativeiro.

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