São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Japão promove interação entre cidade e arte

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Desde o final da última semana, o Japão tenta realizar uma das utopias da modernidade: a integração da obra de arte aos espaços urbanos, através do "Faret Tachikawa", uma minicidade localizada em Tóquio, que traz obras de 92 artistas de todo o mundo em suas ruas, prédios e espaços abertos.
A idéia de uma cidade que integrasse a arte a um espaço público- com a ambição que o Tachikawa traz– surgiu com a intenção de romper com uma certa monotonia visual da cidade.
O projeto foi realizado através de um concurso fechado, que contou com a participação de cinco empresas, organizado por um órgão federal subordinado ao ministério da habitação do Japão. O vencedor foi a empresa "Artfront Gallery".
Entre os artistas escolhidos, que traz nomes como o indiano Anish Kapoor ou o americano Robert Raushenberg, está a obra de um brasileiro residente no Japão. O artista plástico Oscar Satio Oiwa.
Sua obra "Urban Fossil-Fish", figuras que lembram peixes, espalhadas pelas calçadas de Tachikawa, se incorpora ao projeto quando transforma o que na arquitetura é chamado de função urbana em uma "ficção", como o próprio Sato afirmou em entrevista a Folha, por fax, de Tóquio.
Para Sato, a criação do "Faret Tachikawa" (que custou 900 milhões de ienes) tenta reavaliar a necessidade de um consenso para a realização de um projeto. Tão presente na cultura japonesa.
Talvez por isso, o "Faret" privilegie as instalações. Uma afirmação, visível, de um desejo de individualidade. O que torna o desafio mais atraente, quando se imagina que as obras se misturam a um hotel e uma loja de conveniência, que fazem parte da cidade.
Ainda segundo Satio, uma mistura que acontece sem qualquer violência: "As obras dialogam com o espaço e público usuário da área. Muitas obras foram realizadas junto com o projeto dos edifícios. Em alguns casos, a arquitetura foi ajustada para que pudesse receber a obra".
Mas a melhor justificativa da existência de "Faret Tachikawa", que trabalha com os conceitos de tradição e rompimento, vem de Fram Kitagawa, presidente da "Artfront Gallery", que em entrevista a revista "Asian Art News" afirmou que "o lugar reflete o mundo em que vivemos, sob uma nova perspectiva urbana".

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