São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Industriais pedem a FHC mudanças no Real

GEORGE ALONSO; ANTONIO CARLOS SEIDL

GEORGE ALONSO; ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de grandes industriais de São Paulo reuniu-se ontem com o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso e lhe pediu correções nos rumos do Plano Real. Querem apressar o que chamam de redesenho da economia e garantir "reafirmação industrial" do país.
Durante duas horas, FHC ouviu os empresários Paulo Cunha (grupo Ultra), Ivoncy Iochpe (grupo Iochpe), José Ermírio de Moraes (Votorantim), Paulo Francini (Coldex-Frigor), Eugênio Staub (Gradiente) e Cláudio Bardella (Indústrias Bardella).
Os seis empresários integram o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), entidade que defende a proteção da empresa brasileira no processo de abertura da economia.
Após o encontro, o grupo divulgou o documento "A Indústria e o Governo Fernando Henrique - Oportunidades e Ameaças", no qual solicitam mudança no eixo do processo de estabilização econômica que, segundo eles, não pode mais se ancorar apenas na questão cambial –cobram reforma fiscal.
Os empresários pedem um conjunto de sinais que definam um compromisso recíproco entre indústria e governo de que o caminho a ser seguido pelo país é efetivamente o da reativação.
Eles admitem até uma taxa de câmbio "sobrevalorizada", desde que acompanhada da redução compensatória do chamado "fator Brasil".
A grande queixa dos empresários é a lentidão do governo em tomar medidas para reduzir a taxa de juros, a carga tributária e melhorar a infra-estrutura –itens que aumentam os custos internos das empresas e dificultam a competição com os produtos importados.
Um ponto central do documento é um pedido a FHC para a redução da taxa de juros de longo prazo para os investimentos, ao nível vigente nos países industrializados.
Eles defendem a conservação, pelo menos por enquanto, "do único sistema de poupança que, na América Latina, sobreviveu à grande crise dos anos 80, e que alimenta o BNDES". Esse sistema é o último sobrevivente dos mecanismos de financiamentos a longo prazo para a indústria.
Ou seja, querem que o governo mantenha os instrumentos já existentes e crie outros para garantir às empresas financiamento barato para novos projetos produtivos.
O documento delineia ainda o desejo de obtenção de subsídios para seus investimentos.

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