São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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PC espera viver 'segunda vida lá fora'

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Depois de um ano e quatro dias na prisão preventiva em Brasília, o empresário Paulo César Farias, o PC, diz que vê no julgamento de hoje a chance de ter uma "segunda vida lá fora".
Nos encontros de ontem com advogados e familiares, o ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor saiu do seu comportamento normalmente frio e aparentava muita tensão.
"De um jeito ou de outro, o importante agora é que sairemos dessa situação provisória que se arrasta há mais de ano", dizia PC.
Munido de uma pilha de meio metro de papéis –documentos do processo– PC leu e releu nos últimos dias as acusações da Procuradoria-Geral da República e o texto da sua defesa, preparado por Nabor Bulhões e DÁllembert Jacoud.
Como advogado, aposta que se o julgamento for técnico, e não político, passará o Natal em Maceió, longe da sala que ocupa hoje no Batalhão de Choque da Polícia Militar.
No almoço de ontem com o irmão Augusto Farias, deputado do PSC de Alagoas, PC comentava a reviravolta que sofreu na sua vida nos últimos três anos.
Com os advogados, lembrou que a sua mulher Elma Farias, morta em agosto –vítima de infarto–, o alertava para que não se metesse com campanhas eleitorais.
O empresário alagoano vai acompanhar hoje os passos do julgamento por intermédio dos seus irmãos Augusto e Luiz Romero, que irão comparecer ao STF.
Eles ficam encarregados de telefonar para o motorista de PC, Roberto Carlos Maciel –também acusado no processo de ter cometido crime de coação de testemunhas.
O motorista, que acompanha o patrão de perto no Batalhão da PM, vai repassar as informações. Além disso, PC diz que vai sintonizar uma emissora de rádio.
"Não sei quem vai ficar mais tenso amanhã (hoje), se eu ou ele", disse ontem Maciel, responsável pelo transporte das visitas ao ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor.
Filhos
Uma das preocupações de PC é comunicar aos filhos, Ingrid, 13, e Paulo, 10, que se encontram em um colégio interno na Suíça, o resultado do julgamento que se inicia hoje.
Caso consiga se livrar da prisão, vai mandar buscá-los imediatamente para Maceió, onde pretende voltar a morar. Caso o resultado seja negativo, irá pensar uma melhor forma para comunicar a decisão do Supremo.
PC conta que sempre procurou informar, da melhor maneira possível, sobre os acontecimentos dos últimos anos. Em alguns momentos, no entanto, diz que precisou de ajuda de psicólogos.

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