São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Bandeira pode se apresentar

XICO SÁ; ARI CIPOLA
DA REPORTAGEM LOCAL E DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O piloto Jorge Bandeira, desaparecido desde junho do ano passado, promete se apresentar à Justiça após o seu julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).
A promessa foi transmitida recentemente ao seu advogado, Nabor Bulhões. O cliente não teria informado o seu paradeiro, por motivos de segurança.
"Ele (Bandeira) saiu do país para se resguardar contra uma prisão arbitrária", diz Bulhões. "Não aguenta mais viver longe da família e deve retornar".
O piloto, sócio minoritário de PC na empresa de aviação Brasil-Jet, é acusado de falsidade ideológica –assinar cheques em nome dos correntistas "fantasmas" José Carlos Bonfim, Flávio Maurício Ramos e Francisco Ramalho Lins.
A mulher de Bandeira, Fátima, disse à Agência Folha, em Maceió, que seu marido "entrou no rolo de gaiato". Para ela, o piloto é um "mosquitinho" se comparado aos outros réus do processo do STF.
Entre os nove acusados, Bandeira é o único que continua foragido. Ele deixou o Brasil no dia 29 de junho do ano passado, um dia antes de ter a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Na avaliação da família, Bandeira só deve aparecer se for absolvido. Ele teria fugido junto com PC Farias para a Argentina, onde teria se desligado do empresário.
A Polícia Federal não conseguiu achá-lo. A mais recente pista seguida pela PF sobre o paradeiro de Bandeira é a de que ele estaria na Venezuela, o que é negado por sua mulher.
Ela insiste em dizer que não sabe do paradeiro do marido. "Nunca mais falei com o Jorge. Ele nem conhece o neto. Voltar agora ele não volta", afirmou Fátima.
A mulher de Bandeira disse não acreditar na hipótese de que o marido corra risco de vida em sua fuga.
"O Jorge só entrou nesse caso porque ganhou 5% das ações da Brasil-Jet para poder trabalhar com maior entusiasmo. Quanto à possibilidade de ele ser assassinado, acho que só se mata alguém quando se tem raiva e não há por que ter raiva dele", afirmou.
Fátima conta que o desaparecimento do marido trouxe apenas sequelas emocionais para ela e as filhas Rafaela, 18, e Mariana, 15. "Diminuiu um pouco o padrão de vida, mas dá para segurar". Ela é, hoje, uma das secretárias da Secretaria de Energia e Saneamento. (Xico Sá e Ari Cipola)

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