São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Filho de Alencar é denunciado por estelionato

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O procurador da República Alex Amorim de Miranda denunciou ontem o economista Marco Aurélio Barbosa de Alencar, filho do governador eleito do Rio, Marcello Alencar (PSDB), por estelionato, formação de quadrilha e operação irregular de instituição financeira.
A denúncia é relativa à apuração de supostas irregularidades na aplicação, por Marco Aurélio, de recursos da Prefeitura do Rio. Na época (outubro de 90 a setembro de 91), Alencar era prefeito. O governador eleito é uma das testemunhas arroladas por Miranda.
O acatamento da denúncia será decidido pela juíza da 13ª Vara Federal do Rio, Marilena Soares Reis Franco.
Na denúncia, Miranda afirma que Marco Aurélio "ideou e executou" a aplicação de recursos "visando auferir vantagem financeira ilícita".
Segundo o procurador, Marco Aurélio, "seus comparsas" e algumas corretoras e distribuidoras participaram de uma "corrente da alegria" com dinheiro público.
No último dia 23, Marco Aurélio foi nomeado por seu pai para coordenar a apuração da situação do Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro).
Além de Marco Aurélio, foram denunciados o então secretário de Fazenda do município, Edgar Monteiro Gonçalves da Rocha, e os funcionários Marcelo Murad e Renato Ribeiro de Magalhães. Segundo o procurador, os dois últimos foram levados para a prefeitura por Marco Aurélio.
Baseado em relatório do Banco Central, Miranda diz que a aplicação de recursos gerou benefícios não para a prefeitura, mas para corretoras e distribuidoras.
Segundo a denúncia, Marco Aurélio, Murad e Magalhães desviavam para algumas corretoras recursos que deveriam ser aplicados diretamente no Banerj em troca de títulos estaduais.
No final de cada dia, estes recursos, que haviam passado por diversas corretoras, eram oferecidos ao Banerj com um "ágio" de até 8% –para captar o dinheiro, o banco tinha que aumentar a taxa de remuneração de seus títulos. Este aumento na taxa é que, segundo a denúncia, gerou o prejuízo do Estado.

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