São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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FHC irá propor independência do BC

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

O presidente do Banco Central e provável ministro da Fazenda, Pedro Malan, falou ontem para um grupo de cerca de 250 investidores brasileiros e estrangeiros em Nova York e anunciou que o próximo governo lançará a proposta de tornar o Banco Central independente. "Essa proposta deve ser apresentada ao Congresso em 15 de fevereiro", disse.
Segundo ele, a medida é essencial para assegurar a estabilidade da moeda. "A credibilidade de um país depende de um Banco Central independente e da estabilidade de sua instituição, que inclui o governo federal e o Congresso", disse.
Ele participou do seminário "Brasil 95: Oportunidades de Negócio em um Ambiente de Estabilização Econômica". Malan afirmou que são cinco as prioridades do governo FHC: manter a moeda estável, combater a inflação, fazer as reformas constitucional e fiscal e controlar gastos. Deixou claro que a implantação de todas essas medidas devem tomar alguns anos.
Ele citou a necessidade de tornar o Brasil mais competitivo, por meio de um plano de privatização, e mencionou o projeto de Fernando Henrique Cardoso em investir em cinco áreas: agricultura, educação, emprego, saúde e segurança.
Malan afirmou que a prioridade da economia é a manutenção da estabilidade da moeda, "que é o papel do BC". Ouviu o comentário: "mas poderia ser a aspiração de um ministro da Fazenda também..." e reiterou que suas preocupações são as do BC. Para ele, o câmbio tende a se manter estável, uma vez que o real é uma moeda forte e, segundo ele, tem lastro.
Disse ainda que o governo deve reduzir ainda mais a inflação. "Há dez anos, considerávamos a taxa de 10% de inflação ao mês baixíssima. Mas inflação é como célula cancerígena, vai se alastrando sem que consigamos controlá-la, daí a necessidade de erradicá-la."
Por fim, avisou: "Não esperem grandes surpresas. Devemos trabalhar sob perspectivas de negociação e ajustes graduais e em consequência favorecer a integração com a economia internacional."
Questionado sobre como mantinha tão boa aparência apesar de presidir o BC brasileiro, riu e agradeceu e disse: "Estou ficando surdo e já tenho alguns cabelos brancos." Malan tem 51 anos.

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