São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994
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Nos passos de Clinton

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso, nos passos de Bill Clinton, não importou só James Carville, o bruxo da vitória democrata. Não importou só a campanha, mas o pacote todo, do Clinton presidente eleito.
Há dois anos, em dezembro, faltando poucos dias para a posse, o triunfante democrata estava às voltas com o mesmo simpósio de pensadores.
Era a mesma cena, de uma grande mesa quase redonda, com as presenças destacadas do presidente e da primeira-dama, no caso, Hillary. Atento às idéias dos seus convidados, muitos com prêmios Nobel, Clinton garantia "reconstruir" o país, como mostrou então a televisão, ao vivo.
É a mesma cena de Fernando Henrique, primeiro no fim-de-semana, em Brasília, depois em São Paulo, dizendo aos convidados, como mostrou ontem a Manchete, "se não há esta vinculação direta com este mundo da cultura, a política não vai conseguir ter a virtude para transformar".
Até onde se sabe, não passou de jogo de cena o simpósio de Clinton, com a grande exceção de Hillary, que inventou de transformar a Previdência e destruiu o mandato do marido. Ela ressurgiu ontem na ABC, transmitida via TVA, dizendo que a idéia era mesmo oposta ao programa de estado mínimo que elegeu Clinton.
Muito tarde, agora que os novos republicanos tomaram Washington, com as bandeiras mais estranhas, como a oração cristã nas escolas.
O jogo da imaginação
A Cultura adiantou partes do Roda Viva que leva ao ar, na semana que vem, com Mario Vargas Llosa, que tentou ser presidente peruano e hoje está participando dos simpósios de Fernando Henrique.
Segundo o escritor, a sua campanha eleitoral "não foi uma experiência literária, em absoluto. Foi uma experiência fundamentalmente política. A literatura é bastante inofensiva. A política, não. Não é um jogo da imaginação."
O peso da injustiça
Na excitação que começou a tomar conta da televisão, com o julgamento de Collor, o agora tucano Antonio Kandir, pai do confisco, deixou escapar uma quase defesa do antigo patrão, ontem na Record:
– Ele deve estar arrasado, deve sentir o peso da injustiça. Quantos não são os que estão no Legislativo, no Judiciário, todos conhecem, que fizeram certamente muito pior.

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