São Paulo, quarta-feira, 7 de dezembro de 1994 |
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Autor superlota auditório do Masp
DA REPORTAGEM LOCAL O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 58, falou ontem à noite para mais de 600 pessoas, uma platéia que superlotou o auditório do Masp, em evento promovido pela Folha e pelo Diners Club. Centenas de pessoas que ficaram de fora do auditório acompanharam a palestra por um telão instalado no restaurante do museu.Disse que descobriu ao escrever "Pantaleón e as Visitadoras" que o humor podia fazer parte da boa literatura: "Antes, por influência de Sartre, eu achava que humor e literatura eram incompatíveis". Vargas Llosa arrancou gargalhadas da platéia ao contar a história real do autor de radionovelas que inspirou o protagonista de "Tia Julia e o Escrevinhador". Num momento mais grave, o escritor afirmou que a literatura não traz felicidade ao homem que lê. "Pelo contrário: é provável que quem lê seja mais infeliz do que quem não o faz. Se há uma função na literatura, é justamente a de produzir insatisfação e inconformidade em quem lê. As sociedades que lêem são menos facilmente manipuláveis." A uma pergunta do público sobre as escolas de escritores, disse que o único conselho que daria a um jovem que quer escrever seria: "Leia as cartas de Flaubert". Voltou a fazer a platéia rir ao afirmar, respondendo à pergunta de um psicanalista, que considera a psicanálise "uma das formas mais ricas da ficção moderna". Ao final, muito aplaudido, o escritor afirmou: "Desde que cheguei ao Brasil, me fizeram falar principalmente sobre política, então me concedi aqui o prêmio de poder falar sobre literatura". Texto Anterior: Nos passos de Clinton Próximo Texto: Decisão é vitória do Exército Índice |
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